sexta-feira, 21 de maio de 2010

CONSIDERAÇÕES DOBRE O FILME "O PORTEIRO DA NOITE"

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Fábio Coimbra

Em grego Eros remete à noção de vida, enquanto que Thánatos à noção de morte. Dois campos opostos em choque constante. O primeiro luta pela sua continuidade, pelo seu ser, enquanto que o segundo, pelo seu vir-a-ser.
Não obstante a isso, o filme “O porteiro da noite” mostra de forma clara e distinta a possibilidade de como e a partir de que se pode perceber a existência de certa harmonia entre esses contrários (vida e morte). O filme faz aparecer uma realidade (quase que inexistente) que se articula por cima da distorção dos fatos, de onde os mesmos passam a ser vistos a partir de outra ótica, (totalmente diferente daquela com a qual eram observados antes) o que altera os seus sentidos e significados.
“O porteiro da noite” traz à tona a história de uma judia e um nazista no contexto da segunda guerra mundial, onde ela foi torturada por ele num campo de concentração. Tendo passado 13 anos após o término da guerra, eles se encontram novamente e – relembrando “simultaneamente” o vivido num passado, nem tanto distante – passam a viver uma intensa paixão recheada de muito erotismo. É quase inacreditável ver essa relação amorosa entre o nazista e a judia, principalmente para quem conhece bem a história entre esses dois contrates.
O porteiro da noite é um convite para revermos nossas atitudes e aspirações. Faz-nos perceber também o complexo sobre o qual se tece os propósitos e ideais de cada individuo, principalmente quando o assunto se trata de relações humanas.
A grandeza do filme reside, portanto, no ato dele mostrar que – entre o pequeno e grande; o fraco e o forte; o contexto e fato; o oprimido e o opressor; o torturado e o torturador, enfim, entre o judeu e o nazista – há uma possibilidade de harmonia, onde tudo possa ser diferente, desde que se lute por isso. Convém aqui ressaltar que uma coisa é o filme, outra coisa é a realidade. Mesmo que o primeiro se teça por sobre aquilo que no segundo é dado, ele não traz em si a noção de real, mas sim a noção de possibilidade. O real é aquilo que já está dado; a possibilidade é aquilo que pode ser mais ainda não é. A harmonia que (no filme) reina entre os opostos, no real se traduz em utopia. E é o desejo de “tudo” ser diferente a partir dessa realidade utópica que instiga à descontinuidade e a ruptura daquilo que já é dado, para que, somente assim, se possa ter algo novo em se tratando de paz entre os humanos. É justamente essa a proposta do filme.      

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