sábado, 26 de junho de 2010

RESENHA PARCIAL DO LIVRO "SOCIOLOGIA DE MAX WEBER" DE JULIEN FREUND

Resenha dos capítulos I, II e III
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FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. Trad. Luis Cláudio de Castro e Costa. Ed. 3. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1980. 
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Fábio Coimbra

Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão
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Esta obra – que no todo constitui um clássico da sociologia – não tem outra intenção a não ser aquela de expor com a clareza o pensamento sociológico do ilustre Max Weber, cujo nome figura entre um dos principais da sociologia e sua totalidade, ou em toda a sua história.
Professor conferencista da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Estrasburgo, Julien Freund, nesta obra, não têm a pretensão de apresentar uma interpretação pessoal acerca do magnífico Weber. Também não pretende aprofundar nenhuma daquelas que foram expostas por muitos. O que ele pretende é apenas refletir sobre pontos relevantes do pensamento weberiano tais os conceitos de “tipo ideal”, “sistema”, “causalidade”, “realidade”, dentre outros.  
Cumpre ressaltar que o livro não está sendo resenhado na totalidade de suas partes, mas apenas em seu aspecto parcial, enfaticamente, os capítulo I, II e III.
Quanto à forma os capitulo se estruturam da seguinte maneira: o primeiro capítulo – que discorre sobre “A VISÃO DO MUNDO” – subdivide-se em cinco pontos específicos de reflexão. 1. “Realidade e sistema”; 2. “Sociologia cientifica e sociologia reformadora”; 3. “A racionalização”; 4. “O antagonismo dos valores”; e 5. “A personalidade de Weber”; O segundo – no qual Freund aborda a questão referente à “METODOLOGIA” – em relação ao primeiro, já é um pouco mis denso. Dividi-se em seis momentos de reflexão, respectivamente: 1. “Método naturalista e método histórico”; 2. “Quantificação e experiência vivida”; 3. “Causalidade relação com os valores e interpretação”; 4. “O tipo ideal”; 5. “Possibilidade objetiva e causa adequada”; e, por fim, o item 6. “A neutralidade axiológica”; Finalmente, no terceiro capítulo ele vai discorrer sobre “A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA”. Similarmente ao segundo, esse ultimo capítulo também de constitui de seis itens, onde, especificamente, lê-se: 1. “A noção de sociologia compreensiva”; 2. “A compreensão”; 3. “A atividade social e seus diversos tipos”; 4. “O individuo”; 5. “As oportunidades e as estruturas sociais”; e 6. “A relação social e os conceitos fundamentais da sociologia”.
No que concerne aos capítulos em seus aspectos particulares, poder-se-ia dizer que o ponto central do primeiro é a critica que o autor faz ao plano de uma ciência verdadeira e que, como tal, se pretenda absoluta e, desse modo, universal. Para fins de elucidação, poder-se-ia trazer a lume o seguinte questionamento: é possível falar de uma verdade definitiva no plano da filosofia, ou até mesmo da própria ciência?
É importante ressaltar que, em princípio, o autor apresenta duas das questões fundamentais do pensamento weberiano e que aqui cabe ser destacado, a saber, dispersão e antagonismo. A primeira que concerne aos campos da metodologia da ciência e da própria filosofia, tem como objetivo ressaltar a importância do “periférico” na medida em que não visa à centralização de um núcleo. Já a segunda, por sua vez, repousa a sua essência na irredutibilidade a que comporta frente a qualquer sistema. A reflexão feita por Freund sobre esses dois elementos é que vai, por conseguinte, dimensionar e fundamentar todas as outras reflexões presentes neste capítulo inicial.
Cabe salientar a importância do cuidado que o leitor deve tomar ao fazer a leitura desse capítulo e especificamente a questão referente à dispersão. Pois, Uma leitura superficial, sem aprofundamento, poderá conduzi-lo à cogitação de Weber como um anti-sistemático, isto é, alguém que não orienta corretamente o seu pensamento para onde pretende conduzi-lo. Como prevenção a essa possível falha de entendimento, Julien Freund refere que Weber


Não era um adversário incondicional da sistematização de modo geral, mas considerava que no estado atual da ciência, exposta a incessantes correções, modificações e reviravoltas por força do caráter indefinido da pesquisa como tal, seria impossível edificar sistemas definitivos. (FREUND, 1980, p. 10).


                  Desse modo, ele quer mostrar a maneira como Weber analisa a ciência levando em conta o processo de mutação constante ao qual ela está o tempo todo exposta. Devido a essa mudança linear, se torna impossível estabelecer um sistema padrão universal que venha a ser impassível de revogabilidade. Daí se segue que devido a essa incompletude da ciência todo sistema não passa de um ponto de vista, o que tem por conseqüência a impossibilidade de generalizá-lo como modelo universal válido para todos os ramos do conhecimento.
Também relevante neste capítulo e a distinção estabelecida entre valor e fato, sobretudo, no campo das ciências humanas. O objetivo primordial disso é a eliminação de possíveis ambigüidades no que diz respeito ao entendimento de ambos. É fundamental lembra que, de acordo com o autor, o sentido da ação, no que diz respeito à pesquisa cientifica, reside nos obstáculos que são propostos pela própria pesquisa, ou trabalho científico. Desse modo, diga-se de passagem, a validade do valor não pode ser determinada pela objetividade científica.
Uma passagem interessante que traz o entendimento dos antagonismos e dos valores que, todavia, são diversos, é quando Freund diz que “à multiplicidade e ao antagonismo dos valores e dos fins correspondem à multiplicidade e o antagonismo dos pontos de vista sob os quais um fenômeno se deixa explicar cientificamente” (FREUND, 1980, P 11). Aqui o autor faz perceber que Weber, de algum modo está estabelecendo um paralelo, ou uma relação entre teoria e prática, entre ciência e ação, de modo que muitos dos desajustes que dá segunda podem advir, a primeira pode evitá-los.
Refletindo sobre a realidade propriamente dita, o autor afirma que “a realidade é incomensurável ao poder do nosso entendimento, de maneira que este nunca cessou de explorar os acontecimentos” (FREUND, 1980, p 12). Embora o entendimento não reproduza a realidade do ponto de vista daquilo que já está dado, ele pode muito bem fazê-lo por força dos conceitos. Desse modo, o autor demonstra haver uma grande distancia entre o conceito e o real, que segundo ele, é infinita, ou seja, jamais será suprimida. Sendo assim, embora a busca pelo conhecimento traga a necessidade do uso de conceitos, mesmo assim, esses ainda continuam inaptos à reprodução do real em sua integridade.
No item dois, o autor chama a atenção para dois aspectos, por ele observados, nas sociologias do sec. XIX. O primeiro é o seu caráter doutrinário, e o segundo seu caráter reformador. Ambos emergem, sobretudo, em detrimento do científico, segundo ele. E isso se percebe em, autores como Marx, Comte e Spencer. Dado esse momento, Freund refere que foi com Durkheim que se lançaram as bases para o surgimento de uma sociologia, que também foi entendida como ciência positiva. Nisso residiria, portanto, o mérito de Durkheim.


O certo é que no ano 1895 em que ele (Durkheim) publica as “Regras do método sociológico", Weber era professor na universidade de Fribourg-en-Brisgau e se ocupava muito mais de problemas de economia política e de política social do que sociológica. (FREUND, 1980, p. 14).


               Essa passagem mostra, portanto, que de início Weber está preocupado com outras questões, ao passo que Durkheim já era um teórico da sociologia.
No item três, o autor à luz de Weber, vai definir a idéia de que, dada a sua racionalização, o mundo perde, portanto, a sua sacralidade, sobretudo porque esse caráter racional (que se constitui como uma espécie de aprimoramento da ciência, e que era própria da civilização ocidental) consistia em uma nova forma de organizar a vida levando em conta a relação do homem com o meio que o circunda.
No item quatro, que trata do antagonismo dos valores, há uma sucinta reflexão sobre a irracionalidade, já que com a civilização ocidental o mundo se colocou sobre o trono da racionalização. O autor parte do princípio de que com o crescimento da racionalização, o irracional reforça-se ainda mais.
O segundo capítulo – no item inicial – apresenta como ponto central a contraposição de Max Webber em relação aos autores que preconizam a possibilidade de haver um “fundamento único para as ciências humanas”. O ponto de partida dessa reflexão weberiana

Tem por base a disputa metodológica que dividiu os universitários alemães ao apagar das luzes do século XIX. [...]. Naturalmente, o debate logo se converteu em uma discussão sobre a classificação das ciências e nesse particular, os partidários da autonomia das ciências humanas tomaram por sua vez partido contrário (FREUND, 1980, p. 32).


Para aqueles que cogitavam ser una a realidade, tais como Wildelband e Rickert, conforme refere o autor, o método seria o elemento primordial na classificação das ciências, por que a partir dele é que se poderia distinguir uma ciência da outra. Partindo do princípio de que “o sábio procura conhecer as relações gerais, ou então os fenômenos em sua singularidade” (FREUND, 1980, p. 33), os dois autores já citados concebem, em principio, a existência de dois métodos específicos, a saber, o método generalizante e o individualizante. Diante disso, o autor refere que

Tomando a si a distinção entre o método generalizante e o método individualizante, Webber não aceita as conclusões de Wildelband e Rickert, particularmente a divisão das ciências que eles fundamentam sobre tal diferença metodológica. Nada mais contestável do que reservar um desses métodos a uma série de ciências e outras na outra serie. Ao contrário, qualquer ciência utiliza, ao saber das circunstâncias, um e outro desses caminhos. (FREUND, 1980, p. 33).


                A contraposição de Webber em relação a esses autores se da, sobretudo, por uma dupla razão: primeiro, ele não aceita a divisão, ou classificação da ciência a partir do método, ou da diversidade deste; segundo, o evoluir da pesquisa pode trazer gradativamente a necessidade de mudar de método, donde se conclui que a ciência, no itinerário para o alcance de seus fins e objetivos, pode beber de diversas fontes metodológicas. De acordo com o autor “é falso dizer que na prática as ciências da natureza utilizam exclusivamente o método naturalístico ou generalizante, e as da cultura o processo histórico e individualizante” (FREUND, 1980, p. 33), o que, obviamente, corrobora o que foi dito acima. O autor considera que não há razões para privilegiar um método em detrimento de outro. É nessa perspectiva que ele afirma que “sendo o método uma técnica do conhecimento, é comandado pela lei de toda técnica, ou seja, a eficácia” (FREUND, 1980, p. 34), e conclui pela não existência de um método universal.
No segundo item, onde se discute sobre a “quantificação e experiências vividas”, um ponto importante que se pode destacar é a relação estabelecida entre o conhecimento e a realidade. Essa relação é mediada, pela conceitualização daquilo que está dado em uma dada realidade. A elaboração de conceitos se torna, assim, fundamental na ciência na medida em que exprime tanto uma realidade física, quanto social. Conceituar significa, aqui, restringir os fenômenos da realidade física o que, do ponto de vista lógico, facilita a compreensão. Desse modo, pode-se dizer que a conceitualização é, sem dúvida, uma das vertentes principais pela qual jorra o conhecimento cientifico.
No item três, que discorre, especificamente, sobre a “causalidade, a relação com os valores e a interpretação”, o autor, centrado em Webber, objetiva essencialmente retificar, em princípio, todo o mal-entendido que se gerou a partir do emprego errôneo do princípio da causalidade. De acordo com ele


Uns identificam, por exemplo, causalidade e legalidade, no sentido em que só a condição capaz de ser subordinada a uma lei mereceria ser chamada causa. É um erro, diz Webber. Um efeito acidental depende tanto de causas quanto um fenômeno dito necessário, e no fundo, todas as coisas que se produzem no mundo deviam produzir-se da maneira como se manifestam e não de outra. (FREUND, 1980, p. 39-40)


                 Com isso, o autor está querendo mostra que fenomenologicamente as ações pelas quais as coisas aparecem são contrarias àquelas pelas quais elas se produzem. Desse modo, aquilo que em um dado momento aparece como causa, pode, em um momento anterior, ter aparecido como efeito e vive-versa.
No quarto item Freund trata do “tipo ideal”, que segundo ele, foi uma noção criada por Webber “para dar aos conceitos utilizados pelo método um rigor suficiente” (FREUND, 1980, p. 48). O tipo ideal conforme refere o autor “designa o conjuntos dos conceitos que o especialista das ciências humanas constrói unicamente para os fins da pesquisa” (FREUND, 1980, p. 48). O tipo ideal é uma espécie de suporte a partir do qual uma abordagem da realidade – tanto por parte do sociólogo, quanto do historiador – se torna possível.
No quinto item sub-intitulado “possibilidade objetiva e causa adequada”, o autor afirmar que “a objetividade se fundamenta, pois, em nosso saber positivo das condições existentes” (FREUND, 1980, p. 57). Essa concepção do autor se torna fundamental na medida em que corrobora o que foi dito acima sobre a formulação do tipo ideal.
No sexto e ultimo item que trata da “neutralidade axiológica”, o autor afirma que “foi a propósito da neutralidade axiológica que Webber divergiu, por vezes violentamente, da maioria dos especialistas da metodologia do seu tempo” (FREUND, 1980, p. 61). Nesse ponto, o autor mostra que Webber não aceita que se apresente como verdades científicas convicções pessoais e subjetivas, sobretudo para que não se confunda as observações empíricas, passíveis de objeção do ponto de vista científico, com o julgamento de valor. 
No terceiro capítulo, Freund aborda como reflexão a própria sociologia – entretanto – na perspectiva da compreensão. Neste, uma de suas preocupações primeiras consiste em dar uma definição especifica para a sociologia. Desse modo, ele diz que “a definição que comumente se dá de Sociologia é a seguinte: é a ciência dos fatos sociais”. (FREUND, 1980, p. 67). Aqui surge, portanto um problema que consiste sobretudo em saber o que pode ser entendido por fato social. Nesse sentido, o autor refere que “denominamos fatos sociais o conjuntos das estruturas da sociedade, das instituições e dos costumes, das crenças coletivas etc.” (FREUND, 1980, p. 67). Desse modo, pode-se dizer que o fato social é todo aquele devir, ou aquela dinâmica social indissoluvelmente atrelada à ação humana.
Um ponto relevante levantado pelo autor é a contraposição de Weber em relação ao Durkheim em se tratando da divisão da sociologia. De acordo com Freund, em Durkheim


A Sociologia se divide em duas partes principais: de um lado, a morfologia social, que tem por fim descrever as estruturas com base em seu condicionamento geográfico, ecológico, demográfico, econômico etc. e de outro lado, a fisiologia social, cujo objetivo é o estudo do funcionamento dessas estruturas para descobrir as leis de sua evolução. (FREUND, 1980, p. 67).


Perceber-se, portanto, no pensamento de Durkheim, certa possibilidade de independência da dinâmica social em relação à ação humana. É como se “os fatos sociais se desenvolvessem por si sós, como se obedecessem a uma dinâmica interna, fora da participação” (FREUND, 1980, p. 67). Para refutar essa concepção e aprofundar enfaticamente o pensamento weberiano, Freund refere que “A originalidade de Weber é não ter ele cortado as estruturas e instituições sociais da atividade multiforme do homem, que é ao mesmo tempo o seu obreiro e o dono de sua instituição” (FREUND, 1980, p. 68). Ou seja, percebe-se que em Weber há uma inextrincável relação entre o homem (ou sua ação) e o conjunto, ou a totalidade, das instituições sociais, as quais resultam diretamente da própria atitude, vontade e relação dos homens entre si. Nessa perspectiva, o homem é o grande criador das suas próprias instituições. É ele quem determina o sentido e o significado delas. E é justamente nessas instituições que eles constroem e destroem as relações sociais. O que interessa, portanto, para Weber é o conhecimento de como os homens se relacionam na sociedade. A partir do entendimento dessas relações, que não são estáticas, mas mudam gradativamente de acordo com o contexto e o curso dos acontecimentos é que se pode entender como se dá o processo de mutação das próprias instituições criadas pelos homens e que sofrem a influência de concepções diversas em tempos diferentes.
Segundo Freund, “o que lhe interessa (para Weber) é como o homem se comporta na comunidade e na sociedade, como forma essas relações e as transformas” (FREUND, 1980, p. 68). Ora, nesse sentido, o que o autor está querendo mostrar é que a compreensão, ou o entendimento, da dinâmica social com todas as suas instituições passa por uma ação primeira que consiste em conhecer o homem que habita uma determinada sociedade. O autor refere que “contentar-se como estudar a evolução de uma instituição unicamente no aspecto exterior, independe do que ela vem a ser pela ação do homem, é fugir a um aspecto capital da vida social” (FREUND, 1980, p. 68). Com essa reflexão, Freund ratifica a idéia de que a compreensão das instituições se torna impassível de ser captada enquanto desvinculada da ação humana.
Um aspecto importante de ser lembrado é a articulação deste terceiro capitulo com o anterior. Essa ligação se dá quando neste o autor volta a tratar do método onde diz que 


Qualquer ciência pode proceder, segundo as necessidades de sua pesquisa, pelo método generalizante ou pelo método individualizante. Desde que o exame científico do problema permaneça aberto e não feche questões em nome de preconceitos e de prescrições filosófica a priori, não há motivo para que a Sociologia despreze o singular. (FREUND, 1980, p. 69).


Desse modo, o autor está pretendendo a confirmação daquela idéia anterior de Weber de que – na busca pela obtenção dos fins, a que pretende atingir – a ciência pode se valer tanto de um método quanto de outro, entretanto, não pode sobrepor um ao outro. Nesse sentido, é o andamento da pesquisa que vai dizer qual método deve ser usado, levando em consideração o contexto e a inconstância das concepções e ocorrências. O autor reconhece que isso também se aplica às ciências sociais. Tanto é que ele afirma que “é [...] um erro vedar à sociologia certos meios de investigação capazes de enriquecer nosso saber”. (FREUND, 1980, p. 69). Ou seja, não há uma unicidade metodológica, assim também como não há uma única ciência que dê conta da totalidade da realidade.
Dada essa reflexão, o autor estabelece, então, uma definição de sociologia, atingindo, portanto, o seu objetivo neste primeiro item.


Chamamos sociologia (e é neste sentido que tomamos este termo de significação as mais diversas) uma ciência cujo objetivo é compreender pela interpretação [...] a atividade social, para em seguida explicar causalmente o desenvolvimento e os efeitos dessa atividade (FREUND, 1980, p. 71).   


No segundo item, reflexão do autor se dá em torno da questão referente à compreensão. Neste, sua pretensão fundamental é apontar que, em Weber “a compreensão não passa de um meio auxiliar que torna mais fácil a descoberta do sentido” (FREUND, 1980, p. 76). Ou seja, compreender algo significa, justamente, descobrir o seu sentido. “A questão weberiana é pois a seguinte: em que medida a compreensão é um processo capaz de elaborar em sociologia verdades válidas para todas os que querem a verdade?”. (FREUND, 1980, p. 72). Esse, segundo o autor, é o problema central ao qual Weber busca uma solução.
Nas ciências da natureza, por exemplo, a pretensão da busca, ou do alcance, da verdade pressupõe, incondicionalmente, a procura da relação que se dá entre causa e efeito. Na perspectiva das ciências sociais, o processo é feito de forma diferente. Nessa ciência, o que importa é compreender o sentido da ação e não a relação causa-efeito. É pela compreensão do sentido que melhor de pode chegar à compreensão da causalidade. Ou seja, para que se chegue ao conhecimento da causa é preciso primeiro compreender o efeito.
No item três, Freund parte do pressuposto de que a sociologia se ocupa do estudo do social. Nesse sentido ele demonstra haver diversos tipos de atividade social. Mas antes, ele refere que no pensamento de Weber pode se entendido como atividade social. De acordo com ele, “por atividade social entendemos a que, segundo o sentido visado, o agente ou os agentes relacionam com o comportamento de outrem para orientar, em conseqüência, seu desenvolvimento”. (FREUND, 1980, p. 78). De acordo com o autor, a definição da atividade social é feita a partir da racionalidade. Nesse sentido ele demonstra que “Weber distingue a atividade racional por finalidade, a atividade racional por valor, a atividade afetiva e atividade tradicional”. (FREUND, 1980, P. 79). É importante ressaltar que para haver a atividade social, é preciso, antes de tudo, que haja o contato entre as pessoas.   
No item quatro, o autor trata do Indivíduo. Neste item ele mostra que somente a consciência individual é que pode dá sentido à consciência. Isso se evidencia melhor quando autor afirma que “todo apelo a um sentido supõe uma consciência, e está é individual”. Refletindo sobre o Estado, o autor insinua que uma das preocupações desse (o Estado) é inserir os conflitos que estão inseridos na sociedade. Desse modo, estabelecendo um paralelo com a sociologia, Freund demonstra que a sociologia não está preocupada em saber se Lei é legitima ou não, mas sim, saber as transformações que foram geradas a partir do erro dessas leis.
No item cinco, discorrendo sobre “As oportunidades e as estruturas sociais”, o autor insinua que a obrigação também faz parte das relações sócias e, portanto, estão presentes na estrutura da sociedade. Considerando que as relações sociais são complexas e conflituosas, a obrigação se torna fundamental, sobretudo porque regulariza as relações sociais que pretende ser mais duráveis.  
No sexto (e ultimo item), em sua parte final, trata da luta que se tece na sociedade em vista das disputas pelo poder. Neste ponto, o autor refere que uma das características do Estado é o fato dele “deter o monopólio da violência e do constrangimento físico”. A idéia central neste contexto é a de que o estado usa da força para obrigar os cidadãos ao cumprimento de seus respectivos deveres. Nesse sentido, o que faz com que o Estado seja Estado é o fato de que ele tem força e usa dela para atingir seus objetivos. Em suma, não existe Estado sem força.  

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