sábado, 18 de fevereiro de 2012

MAQUIAVEL E O PENSAMENTO SECULAR



          Pode-se dizer que Maquiavel inaugura o pensamento secular na historia, sobretudo, na medida em que busca a ruptura com a tradição de pensamento político, principalmente no que refere a Platão e Aristóteles. Crítico desses filósofos antigos, Maquiavel está preocupado em compreender a história, os acontecimentos e o curso das ações humanas a partir daquilo que ele vai chamar de “veritá efetuale de la cosa”, que geralmente se traduz por “verdade efetiva das coisa”. Nesse empreendimento, o florentino procura tomar os homens tais como eles são e não como eles devem, ou podem, ser. Nesse sentido ele afirma ser muito “diferente o modo como se vive do modo como se deveria viver”. Em sua perspectiva, em matéria de política, considerar o homem a partir daquilo que ele deveria ser, desprezando assim aquilo que ele é, é antes de tudo uma maneira fundamental de arruinar-se que de conservar-se.
          Com o objetivo de criar algo novo, Maquiavel não tem o propósito de tirar modelos da historia, embora sempre recorra a essa quando fala da ação política. Pode-se dizer que o objetivo de Maquiavel ao se debruçar sobre o passado consiste simplesmente em buscar compreender como os homens foram capazes de articular uma relação entre as ações e as circunstâncias, em outras palavras, trata-se da relação entre a fortuna e a virtù, ou ainda, como os homens ajustaram seus objetivos aos acontecimentos próprios de suas respectivas épocas. Daí a sua orientação para “seguir o caminho já trilhado pelos grandes homens”. Ao fazer isso, portanto, Maquiavel inaugura uma nova forma de pensar os homens, a política, as relações, os cursos dos acontecimentos dentre muitas outras coisas tomando como ponto de partida a própria realidade. Desse modo, traz ele, portanto, uma nova perspectiva da natureza humana. Cabe ressaltar que Maquiavel não é pessimista, em si tratando do homem. Apenas busca compreender o que ele é, e como se comporta nas adversidades da vida. Sendo assim, pode-se argumentar que o filósofo de Florença representa na historia do pensamento político um divisor de águas que põe de um lado o pensamento político antigo, e de outro o moderno já que está no despontar dessa nova era. Suas contribuições são de capital relevância para a filosofia, no que se observa, também, pela sua influência aos pensadores posteriores. Pode-se dizer, em suma, que esse trabalho consistiu numa desconstrução da tradição de pensamento político ancorado na autoridade de Platão e Aristóteles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

quick search