quarta-feira, 11 de maio de 2011

O QUE É O INCONSCIENTE



FÁBIO COIMBRA[1]


O inconsciente – frente ao qual todo sujeito tem uma posição subjetiva –, objeto de estudo da psicanálise, é definido, em suma, como uma instancia mental, cujo controle não pode ser exercido pelo homem. Nele se encontram arquivadas todas as experiências do sujeito, as quais se estendem do início de sua formação – ainda no ventre materno – até o seu ultimo instante de vida. Essas experiências arquivadas – ou eventos vividos em algum momento da vida – não ficam isoladas completamente, isto é, livre de manifestação, pelo contrário, existem meios pelos quais elas se manifestam. Pode se tomar a título de exemplo os sonhos, que trazem a lume coisas, ou acontecimentos que foram vistos, escutados, ou vividos durante o dia (estado de consciência). Muitas vezes também o sonho expressa desejos que o sujeito possui e que, pelo fato desse desejo ser inconsciente, ele ainda não se deu conta de sua existência, donde se deduz que os sonhos possuem algo de enigmático. Daí se infere que os sonhos também são manifestações de desejos. Cabe ressaltar que o desejo não deve ser confundido com a vontade. A diferença básica que há entre ambos, e que aqui convém assinalar, diz respeito ao fato de que o desejo é sempre inconsciente e manifesta a ausência de alguma coisa, enquanto que a vontade indica a presença. Em outros termos, significa dizer que temos a vontade de usufruir as coisas das quais temos consciência e que estão presentes para nós, ao passo que desejamos aquilo que nos falta e que não temos consciência.
Outro exemplo de manifesta do inconsciente é aquilo que na psicanálise se denomina de “ato falho”. Em outros termos, significa momentos em que o sujeito diz uma determinada coisa em um determinado momento a qual não poderia dizer no contexto e no momento em que foi dito.
Em suma, o inconsciente se estrutura como uma linguagem. É também o lugar onde subjazem todas as verdades acerca do sujeito, do ponto de vista da psicanálise. O conhecimento dessa verdade depende de uma forma de linguagem usada pelo próprio inconsciente. Somente quando o inconsciente se manifesta é que se pode conhecer o sujeito em seus aspectos subjetivos que, como tais, não se revelam com facilidade. Pode se dizer ainda que a psicanálise guia o sujeito para um momento singular, qual seja, o encontro com o inconsciente.
Uma característica intrínseca do inconsciente, que aqui cumpre precisar, é a sua atemporalidade, em contraste com a temporalidade da consciência.


[1] Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão

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