Pretende-se
aqui abordar de forma sucinta duas das muitas temáticas da psicologia,
certamente, muito estudadas e, portanto, investigadas, a saber, a sensação e a percepção.
Em
princípio, poder-se-ia levantar a título de hipótese, que por sensação,
entende-se aquele processo pelo qual os órgãos dos sentidos são estimulados a
partir de uma ação externa. Significa isso que a sensação é um choque sofrido
pelos órgãos sensoriais do corpo, dada a existência desse corpo num meio constituído
de elementos diversos, qual seja, o meio ambiente e social em que esse corpo
habita. Para se entender melhor esse fenômeno, é preciso entender antes como e
de que forma se dá o choque sensorial [leia-se: a sensação]. Para isso, é
preciso construir como hipótese a afirmação de que na sensação se da um
processo de absorção de energia que se configura na forma de luz ou ondas
sonoras que afetam os órgãos sensoriais como, por exemplo, os olhos e os
ouvidos. Esses estímulos físicos que dão origem as sensações se tornam
importantes no campo da epistemologia principalmente pelo fato de que já
demarcam aquilo que vai ser o coração da teoria empirista: a afirmação de que o
conhecimento é fruto da experiência que o sujeito faz com o mundo, ou os objetos
externos ao ser afetado por eles. Por essa razão pode-se dizer que a discussão sobre
a sensação contribui, indubitavelmente, para o fortalecimento de uma altercação
referente à teoria do conhecimento, o que faz com que o assunto não seja apenas
discutido nos limites da Psicologia, mas também no cerne outras ciências, ou
ramos do saber, como por exemplo, a Filosofia.
Ao
se falar de sensação, ainda é preciso considerar em principio que a existência
dela se deve também à existência dos órgãos sensoriais presentes no corpo
humano. Esses órgãos sensoriais, ou sentidos, [que são cinco, a saber: visão,
audição, paladar, tato e olfato] é valido lembrar, são dotados de um elemento importante
no processo da sensação denominado receptor. Esse, à sua vez, compreende uma
única célula ou um grupo de células particularmente responsáveis, ou seja, que
respondem a um determinado tipo de energia. No ouvido, por exemplo, certas
células respondem a vibração de ar, ou seja, uma forma de energia mecânica que
experienciamos como sons. Outro exemplo são as que estão presente nos olhos,
nos quais há uma diversidade de células sensíveis a uma determinada forma de
energia eletromagnética, que experienciamos como visões.
É
importante lembrar que os receptores podem ser responsivos a mais de uma forma
de energia. As células do olho, por exemplo, alem de responderem à energia
eletromagnética, respondem também à pressão ou a vibrações.
Embora
os sentidos, ou os receptores, possam responder a varias formas de energia,
eles são particularmente sensíveis a uma faixa de estímulos. Nos olhos, por
exemplo, os receptores reagem principalmente a luz visível. Já nos ouvidos, eles
respondem a uma faixa de ar que varia de 20 a 20.000 hertz. Vibrações acima e
abaixo dessa faixa podem até ocorrer, porem não podem ser captadas pelo ouvido
humano.
Os
olhos servem a dois propósitos principais: canalizar luz para o tecido neural
que a recebe; e hospedar aquele tecido. A entrada de luz nos olhos se dá
através da córnea que, juntamente com a lente do cristalino, forma uma imagem
invertida dos objetos na retina. A lente do cristalino é uma estrutura
transparente do olho que enfoca os raios de luz na retina. A retina cumpre uma tríplice
tarefa: absorve luz, processa imagens e envia informações visuais ao cérebro,
por essa razão ela pode ser considerada a mensageira do cérebro. Alem disso, a
retina ainda contem dois tipos de receptores chamados de cones e bastonetes. Os
cones são receptores visuais especializados que cumprem um importante papel na
visão diurna e na visão em cores. Já os bastonetes são receptores visuais,
especializados que desenvolvem um papel importante na visão noturna e na visão
periférica. Cabe lembrar que embora a retina desenvolva a maior parte do
processamento das sensações visuais, o impulso visual ainda não comporta nenhum
significado até que seja processado pelo cérebro. Ou seja, é o cérebro que faz
o processamento final de modo a organizar as informações que lhes são passadas
pela retina.
Em
relação aos receptores presentes nos sentidos, convém precisar que são eles que
convertem a energia – que afeta os sentidos na forma de luz ou ondas sonoras – em
sinais eletroquímicos que o sistema nervoso usa para comunicação. Se a energia
que entra for suficientemente intensa, ela aciona impulsos nervosos que
transmitem informações codificadas sobre as varias características dos
estímulos. Os impulsos, à sua vez, trafegam por fibras nervosas especificas até
determinadas regiões do cérebro.
Outro
órgão sensorial de destaque em matéria de sensação é o ouvido humano. Da mesma
forma como ocorre com a visão, o sistema auditivo recebe impulsos do mundo
externo. Entretanto, a relevância, ou a significância desses impulsos não se dá
até que a informação recebida seja processada pelo cérebro. Também como os
olhos, os ouvidos canalizam energia no tecido neural que a recebe. Quanto à
estrutura, o aparelho auditivo é divido em três seções: ouvido externo, médio e
interno. A tarefa do primeiro consiste em coletar ondas sonoras afunilando-as
rumo ao tímpano. No segundo, ou seja, no ouvido médio, as vibrações são
transmitidas para dentro por uma corrente mecânica constituída por três ossos
denominados martelo, bigorna e estribo, mais conhecidos como ossículos. O
terceiro, o ouvido interno, por fim, consiste, em grande parte, nas cócleas, uma
espécie de túnel enrolado preenchido de fluido que contem receptores para a
audição. O som entra na cóclea através de uma janela denominada janela oval que
os ossículos fazem vibrar. É dentro da cóclea que se situa o tecido neural do
ouvido. Este tecido coloca-se sobre a membrana basilar que divide a cóclea em
camadas superiores e inferiores. A membrana basilar que segue por toda a cóclea
espiralada, guarda os receptores auditivos chamados células ciliadas. São essas
células – que se constituem como estímulos por ondas no fluido do ouvido
interno – que convertem as estimulações físicas em impulsos neurais que são enviados
ao cérebro. Alem desses sentidos, há ainda o olfato, o paladar e o tato, no
entanto, não serão especificados aqui, embora, desenvolvam papeis
importantíssimos no processo sensorial para a aquisição de conhecimento, por
exemplo. Para alem desses, há também outros dois sentidos, designados de sinestésico
e o vestibular. O primeiro, ou seja, o sinestésico monitora as posições do
corpo, enquanto que o segundo, o sentido vestibular, é o sentido responsável pelo
equilíbrio. Passemos agora a tratar brevemente da percepção.
Em
linhas gerais, poder-se-ia dizer, em principio, que a percepção é um processo complexo
que pretende ser a suma da sensação e que se constitui como o meio pelo qual se
dá a organização e a interpretação dos dados sensoriais para o desenvolvimento da
consciência que o sujeito passa a ter do meio ambiente em todas as suas
dimensões e formas de ser. Em outras palavras, significa dizer que a percepção
se trata de um processo cognitivo, uma forma de conhecer o mundo. Como tal, é para
ela que converge a cognição e a realidade. Em sendo uma forma de organização e
interpretação dos impulsos sensoriais, a percepção envolve, portanto, a tradução
do impulso sensorial em algo significativo.
Para
se entender com mais perspicácia como se dá o fenômeno da percepção, é preciso conhecer
melhor como se dá o funcionamento do equipamento fisiológico que possibilita
coletar informações (o aparelho sensorial). Da mesma forma, o conhecimento da
maneira pela qual se dá o processamento das informações também é relevante à
compreensão da natureza da percepção.
REFERÊNCIA
DAVIDOFF,
Lindal L. Introdução à psicologia. Ed. 3. Trad.
Lenke Peres. São Paulo: Pearson Makron, 2001.
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