Em sua análise da sociedade
moderna e contemporânea, herdeira da tradição iluminista, MacIntyre se depara
com uma crise de valores éticos, históricos e culturais. Nesse contexto, a sua
intenção consiste, primeiro, na busca do entendimento desse fenômeno para, em
seguida, pensar a solução mais viável possível pela qual se poderá resolver esse
problema.
Em principio, MacIntyre se
dá conte de que esse problema decorre do rompimento entre a modernidade,
iniciada pelos ideais iluministas, e a tradição de pensamento antigo e medieval.
Ele vê que ambas [modernidade e tradição] tem projeto de pesquisa diferente. E
a partir daí percebe que os problemas da contemporaneidade, que decorrem dessa
cisão, podem ser solucionados caso haja uma retomada dos elementos tradicionais
de pesquisa racional.
Dado que MacIntyre vê em Aristóteles
a referência fundamental da ética e do modelo de racionalidade tradicional,
ele, então, defende uma retomada da ética aristotélica que preza pelas
virtudes. É a partir da crítica ao iluminismo [quando do seu fracasso] que MacIntyre
opera sua critica a modernidade. E é pela via da crítica à modernidade, que ele
se volta para as tradições de pesquisa racional, como lugar possível onde a
racionalidade dos fins pode encontra o seu lugar sem ser dissolvida pela
instrumentalidade de uma vontade arbitrária, tal como a partir do iluminismo.
Nesse contexto, pode-se dizer que MacIntyre centra a sua tese na análise do fracasso
do projeto iluminista de uma ética autônoma. Na concepção de MacIntyre, o
fracasso desse projeto se deu, sobretudo, pelo fato de que ao seguir a
racionalidade dos antigos, especificamente Aristóteles, acabara por deixar de
lado sua teoria sobre a ética. Ou seja, com o iluminismo houve uma cisão entre
ética e racionalidade, seguindo-se esta e abandonando-se aquela. Nesse sentido,
MacIntyre propõe uma retomada da ética das virtudes como possível solução para
o problema da vida contemporânea, dado que na concepção de aristotélica, a
virtude só era possível a partir de uma determinada forma de vida. Ou seja, o
filósofo está propondo uma ética com fim. Na visão de MacIntyre, a idéia de
virtude como telos, já que em Aristóteles
há uma teleologia, só poderá subsistir a partir de uma comunidade que
assegurasse aos seus próprios membros papeis compreensíveis no âmbito de
pesquisa racional.
Em suma o que caracteriza a ética
de MacIntyre é o fato de que, primeiro, ele faz um diagnostico da modernidade e
da contemporaneidade na qual vê uma desordem em se tratando de teorias e praticas
morais no seio da contemporaneidade, como herança do fracasso do projeto iluminista;
e, segundo, dada essa diagnosticação, ele se pretende, então, como medico do
cenário cultural e ético moderno e contemporâneo. E, como medico, o seu
medicamento é um retorno a ética das virtudes como uma tradição moral de
pesquisa racional.
REFERÊNCIA
CARVALHO, Helder Buenos Aires de. Asladair MacIntyre e a proposta de retorno
às tradições morais de pesquisa racional. In: OLIVEIRA, Manfredo Araujo de
(Org.) Correntes fundamentais da ética
contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2000.
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