Tradicionalmente
pensava-se que para governar era preciso ter força, daí a idéia de que o príncipe tinha que ter um poderoso exército. Desse modo, a idéia de que o poder
político se constitui como uma força aparece como idéia central da primeira
parte de O Príncipe.
Se
no exercício da vida política aparecer algo mais importante que a força, esse,
à sua vez, só pode ser a inteligência no uso da força conforme se vê no pensamento
de Maquiavel. Nesse contexto, o filósofo insinua que o príncipe deve, para alem
de forte, ser também inteligente. Pois, há dois tipos de combate: um pela força
e outro pela inteligência; o segundo é próprio dos homens e o primeiro é próprio
dos animais. Isso vai se mostrar mais claro no capitulo XVIII, quando Maquiavel
vai compara o homem [leia-se: o príncipe] a um centauro, para dizer que ele –
compartilhando uma natureza que é dupla – deve usar tanto da humanidade, quanto
da animalidade.
Quando
Maquiavel alude que o príncipe deve aprender a não ser bom, isso não deve ser
entendido como se ele estivesse querendo dizer que o príncipe devesse ser
sempre mal, mas a se valer ou não desse recurso conforme a necessidade. Nesse sentido,
o que ele refere é que quem quiser ser sempre bom em tudo o que vier a fazer,
vai se arruinar em meio a tantos que não são bons, logo, o príncipe deve
aprender a usar a maldade e a ferir quando for preciso. É por essa razão que, a
força se configura, portanto, como um elemento necessário na vida política,
especialmente, porque é por meio dela que se pode assegurar a paz, o progresso
e a permanência do príncipe no poder.
REFERÊNCIA
NICOLAU, Maquiavel. O Príncipe. Trad. Maria Júlia Goldwasser. 2ª Ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1996. (clássicos)
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