sexta-feira, 2 de novembro de 2012

POLÍTICA RACIONAL EM PAUL RICOEUR



Um ponto relevante quanto a isso, são as reflexões de Ricoeur sobre a política em seu aspecto racional, onde ele centra seu raciocínio no Estado moderno tomando como base o filósofo alemão Hegel, especificamente a obra intitulada “Princípio da filosofia do direito”. Nesse sentido, sua preocupação gira em da torno da  racionalidade e da universalidade do Estado. Desse modo, ele refere que

O primeiro filósofo a haver refletido sobre essa forma de universalidade foi Hegel nos Princípios da filosofia do direito. Foi Hegel o primeiro a mostrar que um dos aspectos da racionalidade do homem e ao mesmo tempo um dos aspectos de sua universalidade, e o desenvolvimento de um estado que põe um jogo um direito e desenvolve meios de execução sob a forma de uma administração. [1]

Na visão de Hegel, o estado aparece também como um fator de racionalização e universalização do sujeito humano. E isso se dá, sobretudo, pelo fato dos estados possuírem algo, ou pontos em comum.

Nós os vemos todos evoluírem inelutavelmente desde que se atinjam certas etapas de bem- estar, instrução e cultura [...]; vemo-los todos à procura de um equilíbrio entre as necessidades de concentrar, e mesmo de personalizar o poder, a fim de tornar possível a decisão, e por outro lado a necessidade de organizar a discussão a fim de fazer com o que o maior número de cidadão participe dessa decisão. [2]

Essas características comuns dos estados são como que uma rede de integração dos indivíduos a um sistema que se torna mundial na medida em que eles (os estados) apresentam preocupações e passam a buscar objetivos semelhantes. Para mostrar outros traços característicos desse fenômeno, Ricoeur refere que

[...] nos achamos em face de um estado puro e simples, de um estado moderno, quando vemos o poder capaz de estabelecer uma função pública, um corpo de funcionários que preparam as decisões e que as executam sem ser pessoalmente responsáveis pela decisão política. Eis ai um aspecto racional da política concernente agora absolutamente a todos os povos do mundo, a ponto de constituir um dos critérios mais decisivos da ascensão de um estado à cena mundial. [3]

Com a mundialização há, portanto, um compartilhamento das atividades, que antes estava a cargo de uma só pessoa ou de um pequeno grupo.
Um aspecto importante da política moderna, que cabe destacar, diz respeito à questão referente ao poder e a força. A força é justamente aquilo que leva os indivíduos ao cumprimento do dever quando eles se recusam a cumpri-los. Nessa perspectiva, o estado é, então, esse ser que coage a liberdade do sujeito. Desse modo, promove certo ajustamento dos indivíduos à ordem social estabelecida, em se tratando do cumprimento, ou das responsabilidades para com as obrigações.

REFERÊNCIA


[1] RICOEUR, Paul. História e verdade. Trad. F. A. Ribeiro. Rios de Janeiro: Forense, 1968. p. 279.
[2] Cf. Id. Ibidem, P. 279.
[3] Cf. Id. Ibidem, P. 280.

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