“Vosso
é o dia e vossa é a noite. A um aceno da vossa palavra os instantes voam” [Santo Agostinho]
Ao
contrário de Tucídides, Santo Agostinho confia na faculdade da memória a ponto
de estabelecê-la como elo entre o passado e o presente. Em princípio, Agostinho
diz que o passado não existe, da mesma forma como o futuro também não. O que
existe é somente o presente que nada mais é do que uma sucessão de instantes que
vão se consumindo muito rapidamente. Desse modo, argumenta, por exemplo, que “o
ano não é todo presente”, como também não o é o mês, e o dia. Em sua
perspectiva, assim também como o passado não existe, o futuro também não existe
porque ainda não veio a ser. Entretanto, quando que vier a ser não será mais,
pois já será passado dado que o presente nunca para de passar. Assim só o
presente é. Daí sua tripartição do tempo: o presente das coisas presente, o presente
das coisas passadas e o presente das coisas futuras. O presente das coisas
passadas é justamente o resultado da ação da memória sobre aquilo que já se
esvaiu. É nesse sentido que a memória faz a ponte entre o passado e o presente.
Dessa relação vem a lume a narrativa enquanto um dizer do passado aquilo que
foi vivido e experienciado.
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