Em Proust, o aprendizado é
uma questão delicada que requer muito esforço por parte do aprendiz afim de que
os resultados pretendidos possam ser, de fato, alcançados. Antes de tudo, o aprendiz
é aquele que acima de tudo busca formas inovadoras de pensamento e que não toma
como ponto de partida para isso nem pressupostos filosóficos, tão menos
pressupostos científicos. O aprendiz é aquele que cria algo novo. E é a ele que
compete, segundo Deleuze, revelar as verdades de um tempo. É válido salientar
que, em princípio, o aprendiz passa por algumas decepções devido à sua inexperiência.
Mas, isso em algum aspecto é bom dado que pode motivar o aprendiz a ir sempre
mais em busca das verdades dos tempo, seja ele perdido, ou passado, ou ainda,
do tempo que se redescobre e do tempo redescoberto.
As decepções que o aprendiz
sofre no início do seu aprendizado decorrem, muitas vezes, do fato de que nem
sempre os resultados obtidos são os esperados. Ou seja, muitas vezes, o objeto
que o aprendiz encontra, ou com o qual se depara, não revelam as verdades dos
signos. Cumpre aqui lembrar que a tarefa do aprendiz é encontrar as verdades recônditas
que se ocultam nos signos, e que esses, à sua vez, comportam uma dupla
constituição, diga-se de passagem. Primeiro, eles revelam algumas coisas e,
segundo, significam outras. Talvez, poder-se-ia argumentar aqui que a primeira
das dificuldades encontradas pelo aprendiz decorre justamente dessa incapacidade
– fruto de sua inexperiência – em distinguir aquilo que o signo manifesta [que
é sempre um objeto] daquilo que ele significa [que é justamente a sua essência,
a sua verdade, a sua razão de ser].
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