A escatologia judaico-cristã
pode ser considerada uma primeira tentativa de se buscar um sentido para o
curso do tempo da história humana. O homem, como tal, é considerado como
criação de um artífice [Deus] ao qual estava, em princípio, ligado. Entretanto,
uma ruptura veio a ocorrer entre a criatura e o criador, e a partir daí a existência
e o tempo se torna um drama para o ser humano. Desse modo, o sentido que a
escatologia judaico-cristã quer dá para o curso da história humana consiste justamente
numa tentativa de restabelecer essa ligação entre criatura e criador. Portanto,
desse ponto de vista, pode-se dizer que o homem e a historia começam dentro de
uma concepção dramática. Essa dramaticidade diz respeito especialmente aos sofrimentos
que o homem há de enfrentar. A dramaticidade propriamente dita consiste numa separação
entre Deus e o homem. Parece que isso só é possível dentro de uma concepção de
fim da historia [do homem, da matéria, das coisas, etc.], sendo este [o fim] a
possibilidade de restauração da ligação que outrora fora rompida. Na perspectiva
judaica há um começo, um desenrolar e um término. Como tal, o tempo não tem uma
perspectiva física, mas uma dimensão mental.
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