Encarar Hegel face a face dada a sua grandeza
no campo filosófico, obviamente não é algo tão fácil e simples como, de
repente, se possa imaginar. Certamente, um dos grandes cuidados a ser tomados
por aqueles que enveredam trilhar contra Hegel será o de não cair na armadilha
se tornar hegelianos, ou seja, de não serem engolidos pelo sistema desse
filósofo. Marx e Deleuze podem, sem dúvida, ser citados aqui como exemplos de indivíduos
que obtiveram sucesso em suas empreitadas contra esse filósofo. Deleuze,
certamente, não pode ser considerado um hegeliano. Pode, apenas, ser
considerado como um separado dos problemas de Hegel. Nesse sentido, o seu anti-hegelianismo
consiste, em princípio, em não considerar como relevante alguns, ou talvez,
todos os pressupostos de pesquisa filosófica construídos sobre as bases do
pensamento hegeliano. Por exemplo, Deleuze não é adepto da ideia de que é o
pensamento que cria a realidade e o homem. Pelo contrario, em sua perspectiva, é
o homem, ou ação desse, que cria a realidade. Ou seja, enquanto para Hegel o
homem é criação, para Deleuze, à sua vez, o homem é um ser criado a partir de certa
práxis, ou prática. Nessa perspectiva, pode-se dizer que o anti-hegelianismo de
Deleuze nada mais é do que uma rejeição aos princípios hegelianos pelos quais
se concebe a criação do homem e da realidade. Entretanto, cumpre ressaltar que
se [ao desconstruir o pensamento hegeliano] Deleuze sai ao final vitorioso,
isso, todavia, não é um mérito apenas seu, mas também dos aliados que procurara
para dar consistência ao seu ataque ao sistema de Hegel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário