Partindo do princípio de que o homem é, por excelência, o ser da ação consciente e, posteriormente da contradição que deriva da busca pela perfeição, logo concluir-se-á como conceito fundamental desse (o homem) o fato de que ele é um ser imperfeito, todavia, dotado de vontade, tanto para a ação benéfica, quanto para a ação maléfica.
Por ação benéfica, aqui, entende-se todas aquelas que, de algum modo, instigam ou contribuem para aproximar o homem da perfeição. Em contrapartida, por ação maléfica estão subentendida todas aquelas que promovem um retardamento do processo evolutivo do homem que tem como telos a plenitude da perfeição.
Ao se classificara algumas ações humanas como malignas nada está se querendo dizer da existência de outro caminho optativo, dada a plena liberdade do homem para escolhê-lo, ao qual se conveio chamar de mal. Mas, simplesmente quer se ressaltar que essa ação assinala somente um momento de debilidade do homem no percurso para o alcance de sua meta primordial. Essa ocasião, diga-se de passagem – pode também ser entendida como um momento de atraso no itinerário do homem para o requinte. Se o mal constitui um período de queda, o homem volta, destarte, a se levantar quando da ação benigna delineia uma nova maneira de peregrina. Esse estágio constituído pela tríade caminhar, cair e levantar para seguir, cabe lembrar, advém, sobretudo, da ignorância e incapacidade humana de reconhecimento concreto de que a ação benigna é, de fato, o combustível propulsor que lhe possibilita marcha. Essa ignorância e incapacidade – cabe ressaltar – é fruto da imperfeição que fora inicialmente tratada.
Por alguma ótica, poder-se-ia dizer que o mal não tem existência própria, ou seja, não existe por si mesmo. Sendo assim, se torna cabível a argumentação de que ele é sempre fruto da ação do homem: aquela que decorreu do ato de se desviar da ação benigna. O mal é, pois, algo que se constrói gradativamente ao longo da vida humana, razão pela qual se convém dizer que o homem, da mesma forma como está para a ação correta, está igualmente para o cometimento de erros.
O mal, que se constitui pela ação do homem, cabe notar, não é ausência do bem. Da mesma maneira, o bem não é ausência do mal, pois, para assim ser, seria necessário admitir uma existência própria para essas categorias (bem e mal), de onde se deduziria um lugar para seu vir a ser. Existindo esses dois caminhos, o homem poderia, com liberdade, escolher um desse para seguir, motivo pelo qual o outro seria, necessariamente, negado. Entretanto, isso não é passível de realização, pois, escolhendo o caminho do mal já não se justificaria qualquer ação boa. Por outro lado, escolhido o caminho do bem, já não seria viável qualquer ação má. O que justifica isso é o fato de que o homem ora age com bondade, ora com maldade. Indubitavelmente, isso equivale a dizer que o caminho do bem e do mal, tal como se pretende em geral, não existe. O que existe é o homem agindo a todo o momento, às vezes com bondade, por vezes maldosamente.
O que, de fato, regula a ação do homem é justamente o grau de cultura intelectual que muitas vezes tende a nortear suas escolhas. Convém salientar que por intelectual aqui não se entende aquele ser letrado dotado de muita ciência, mas simplesmente aquele que se vale do bom-senso na determinação de sua ação. Assim, é possível que o homem bruto (aquele que jamais conheceu a “letra”) seja mais intelectual do que aquele que dedicou tantos e tantos anos de vida para a academia. Pois, aquele, mergulhado na simplicidade, não está menos propenso a ação boa do que esse que imerso na cientificidade muitas vezes dá existência ao mal em grande escala.
O home é, portanto, esse ser imperfeito, de vontade e de escolha; que faz tanto o bem, quanto o mal, e não só uma dessas coisas ao extremo. Se fizesse só o mal, já não seria homem, seria o demônio. Por outro lado se fizesse apenas o bem, também não seria homem, seria, portanto, um deus.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
COMENTÁRIO SOBRE O ARTIGO "OS FILÓSOFOS,OS TERAPEUTAS E A CURA"
O artigo “Os filósofos, os terapeutas e a cura”, cumpre a função de introdução do livro “Filósofos e terapeutas”, que é uma compilação de textos que abordam a reflexão de alguns filósofos sobre o mesmo tema, a saber: a cura e a terapia. O livro foi publicado pela editora Escuta em abril de 2007 e tem como organizador Daniel Omar Peres, também autor do referido artigo. Peres é licenciado em filosofia pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), mestre e doutor em filosofia pela Unicamp. Realiza pesquisas em Kant, e filosofias moderna e contemporânea. O texto aborda como tema central a questão da filosofia como uma possibilidade de terapia, através das reflexões sobre o ser e o alto-conhecimento. Isso é abordado fazendo uma comparação entre filósofos gregos como Antístenes até os contemporâneos como Foucault, em cujo pensamento faz-se notar a presença da referida temática. Com isso o autor quer mostrar a possibilidade terapêutica do pensamento filosófico e as contribuições dos estudos antropológicos desenvolvidos por filósofos de “toda a história da filosofia”. Na apresentação dos argumentos, o autor reporta-se aos gregos como, iniciadores da terapia. A contemplação era a prática utilizada como meio para o alcance da ataraxia, estado em que a alma goza de plena paz. Diante disso consideramos que a preocupação humana com o alívio de suas patologias tanto físicas quanto psíquicas perpassa os séculos. Cabe ressaltar que o homem é um ser que está sempre em busca de uma terapia para si mesmo. Desse modo, no decorrer de sua história, ele retorna constantemente à antiga expressão “conhece-te a ti mesmo”.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
MEDICINA, FILÓSOFOS E TERAPEUTAS
No que diz respeito diz respeito às primeiras práticas de medicina e terapia por parte dos filósofos em tempos antigos, é de se notar que ainda hoje a luta deles é constantemente atualizada quando o assunto é a busca de remédio, ou cura para o corpo e a alma.
Esse assunto teve início com os gregos que, por meio do filosofar, do contemplar a natureza, buscavam atingir também um estado de paz para a alma. Para isso eles dedicavam bastante tempo para a prática de tal atividade. Ficavam várias vezes reiterando aquilo que inspiraram, pois, isso fazia a diferença a cada um. Buscavam a raiz do problema, pois, é de lá que vem a dor, o sofrimento e outras coisas que tiram a paz do espírito.
Muitos problemas existentes ainda hoje, já havia também naquela época, como por exemplo, a depressão e a angustia. Eram esses problemas que mais impedia a felicidade do homem. Foi justamente a isso que os filósofos, por meio da sabedoria, procuravam combater, com o objetivo de fazer o homem alcançar aquele estado em que a alma goza de plena paz. Desse modo, ser médico das almas, era incumbência exclusiva dos filósofos, ou seja, cuidar para que ela não ficasse doente, ou ainda, contribuir para que ficassem curadas aquelas que já estavam doentes. Eles não cuidavam somente da alma dos outros, mas da sua também e isso é que era para eles sabedoria. A sabedoria, portanto, nesse contexto faz referência a toda atividade que se pode praticar na busca pela saúde do corpo e da alma. Essas atividades dizem respeito principalmente à prática de exercícios físicos e espirituais que propiciavam uma recriação da vida cotidiana.
A metodologia usada para o alcance desse objetivo (curar as enfermidades da alma e do corpo e dar paz aos homens) era diversa. Todas vinham de filósofos, como também de cristãos e judeus. Os pitagóricos, por exemplo, praticavam radicalmente a abstinência de comidas e bebidas, uma prática que para eles servia para medir a temperança do indivíduo. Para eles a matemática era útil à libertação da alma à medida que o pensamento era concebido como abstração. Era como se ele fosse uma espécie de terapia.
Outro método utilizado vinha dos cínicos, com destaque para Antístenes e Diógenes. Esse método consistia em viver a vida fazendo o que fosse possível na hora em que se quisesse independentemente do lugar aonde se viesse a está. Deve se está isento de preocupações com o futuro para poder fornecer paz tanto a alma, quanto ao corpo.
Hipócrates e Epicurio são outros dois grandes nomes desse período, em que se buscava resolver os problemas da alma e do corpo por meio da medicina (cujo pai é o próprio Hipócrates) e da terapia.domingo, 8 de novembro de 2009
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRÍTICA DA RAZÃO PURA
Na crítica da razão pura, Kant mostra que o seu grande problema está voltado à questão do conhecimento, como ele se constitui e a partir de que. Essa obra (CRP) está estruturada da seguinte forma: divide-se em duas partes; a primeira intitula-se analítica transcendental, onde o autor responde à questão como são possíveis juízos sintéticos a priori na matemática. Na segunda, intitulada “dialética transcendental” ele responde à questão como são possíveis juízos sintéticos a priori na física. Essa segunda subdivide-se em outras duas. Em uma dessas subdivisões Kant, aprofundando a sua investigação sobre o conhecimento conclui pela impossibilidade de haver na metafísica juízos sintéticos a priori. Para fins de uma compreensão mais aperfeiçoada, convém, aqui, definir o que são juízos sintéticos: são aqueles em que o predicado acrescenta alguma coisa ao conceito do sujeito. Em Kant, os problemas da metafísica, são necessariamente problemas da razão. Esses problemas são, por exemplo, o mundo, Deus, a alma, etc. No real não existe nenhum objetos que corresponde a esses conceitos. Sendo assim, esses conceitos estão impossibilitados de uma experiência científica, e é justamente isso que faz com que inexistam juízos sintéticos a priori na metafísica, pois esses conceitos não têm como acrescentar algo no conhecimento do sujeito, uma vez que não possuem objetos. Ainda na CRP, em se tratando da lei moral, pautada no imperativo categórico, vemos que é ela que determina a vontade livre do sujeito. Agir virtuosamente, para Kant, é agir de acordo com o esse imperativo. Sendo assim, tal deve ser a nossa ação, uma vez que somos seres racionais e, portanto, jamais devemos agir pelas paixões. Em relação ao fenômeno e númeno, vemos a distinção que há entre ambos: o primeiro diz respeito àquilo que aparece, onde no ato de aparecer pode ser captados pelos sentidos, dando origem ao conhecimento a partir de bases empíricas. O segundo diz respeito àquilo que não podemos conhecer, visto que possuímos apenas intuições sensíveis. Mas o númeno não deixa que nos contentemos apenas com a experiência. Desse modo, ele só pode ser capitado a partir de um esforço da razão. Se o fenômeno é aquilo que aparece e se dá aos nossos sentidos, o númeno é aquilo que transcende tudo isso e se estende para além daquilo que aparece. Além da tentativa de resolução do impasse que há entre empirismo e racionalismo, Kant quer também traçar, na CRP os limites do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O FILME "A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO"
“A ultima tentação de cristo” é, sem dúvida, um dos filmes que mais causou controvérsias ao discurso da igreja ao longo de sua história milenar, sobre aquilo que seria os verdadeiros hábitos, modo de ser e identidade de cristo, o filho de Deus que desceu do céu para salvar a humanidade, conforme ela mesma (a igreja) prega e nós – por um ato de fé – acreditamos. O filme traz a tona algumas reflexões sobre as possibilidades das ações de cristo terem sido (em parte) determinadas pelas paixões. Portanto, trata-se de mostrar – no que a essa produção cinematográfica diz respeito – um cristo totalmente homem, que teria agido e se comportado como qualquer outro, logo, destituído de qualquer virtude divina. Por isso, não se descarta a possibilidade de (de acordo com o filme) Jesus ter tido relacionamento com mulheres. A ultima tentação de cristo (não se tratando do título do filme) seria, no entanto, a dele – reconhecendo-se plenamente humano, e, como tal, limitado – ousar abandonar toda a sua missão que seria a de morrer pelos homens para salvá-los de sues pecados. O filme chama a atenção para (no subentendido) a impossibilidade de Jesus suportar e carregar sobre si o “peso” da humanidade, uma vez concebido como homem e, portanto, marcado pela limitação. Ora, sendo essa a proposta do filme, fica óbvio que ele jamais seria aceito pela igreja, não sendo à toa na sua proibição pela mesma. E isso não somente pelo fato dele significar uma contradição à doutrina da igreja, mas também pelo fato de que coloca em estado de dúvida e, desse modo, em perigo toda a fé dos cristãos, pois, traz implícita a necessidade de repensar toda a vida de cristo, de onde provem o “credo” religioso.
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