Resenha dos capítulos I, II e III
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FREUND,
Julien. Sociologia de Max Weber. Trad. Luis Cláudio de Castro e Costa.
Ed. 3. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1980.
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Fábio Coimbra
Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do
Maranhão
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Esta obra – que no todo constitui um clássico
da sociologia – não tem outra intenção a não ser aquela de expor com a clareza
o pensamento sociológico do ilustre Max Weber, cujo nome figura entre um dos
principais da sociologia e sua totalidade, ou em toda a sua história.
Professor conferencista da Faculdade de Letras
e Ciências Humanas de Estrasburgo, Julien Freund, nesta obra, não têm a pretensão
de apresentar uma interpretação pessoal acerca do magnífico Weber. Também não
pretende aprofundar nenhuma daquelas que foram expostas por muitos. O que ele
pretende é apenas refletir sobre pontos relevantes do pensamento weberiano tais
os conceitos de “tipo ideal”, “sistema”, “causalidade”, “realidade”,
dentre outros.
Cumpre ressaltar que o livro não está sendo
resenhado na totalidade de suas partes, mas apenas em seu aspecto parcial,
enfaticamente, os capítulo I, II e III.
Quanto à forma os capitulo se estruturam da
seguinte maneira: o primeiro capítulo – que discorre sobre “A VISÃO DO MUNDO” – subdivide-se em
cinco pontos específicos de reflexão. 1. “Realidade
e sistema”; 2. “Sociologia cientifica
e sociologia reformadora”; 3. “A
racionalização”; 4. “O antagonismo
dos valores”; e 5. “A personalidade
de Weber”; O segundo – no qual Freund aborda a questão referente à “METODOLOGIA” – em relação ao primeiro,
já é um pouco mis denso. Dividi-se em seis momentos de reflexão,
respectivamente: 1. “Método naturalista e
método histórico”; 2. “Quantificação
e experiência vivida”; 3. “Causalidade
relação com os valores e interpretação”; 4. “O tipo ideal”; 5. “Possibilidade
objetiva e causa adequada”; e, por fim, o item 6. “A neutralidade axiológica”; Finalmente, no terceiro capítulo ele
vai discorrer sobre “A SOCIOLOGIA
COMPREENSIVA”. Similarmente ao segundo, esse ultimo capítulo também de
constitui de seis itens, onde, especificamente, lê-se: 1. “A noção de sociologia compreensiva”; 2. “A compreensão”; 3. “A
atividade social e seus diversos tipos”; 4. “O individuo”; 5. “As
oportunidades e as estruturas sociais”; e 6. “A relação social e os conceitos fundamentais da sociologia”.
No que concerne aos capítulos em seus aspectos
particulares, poder-se-ia dizer que o ponto central do primeiro é a critica que
o autor faz ao plano de uma ciência verdadeira e que, como tal, se pretenda
absoluta e, desse modo, universal. Para fins de elucidação, poder-se-ia trazer
a lume o seguinte questionamento: é possível falar de uma verdade definitiva no
plano da filosofia, ou até mesmo da própria ciência?
É importante ressaltar que, em princípio, o
autor apresenta duas das questões fundamentais do pensamento weberiano e que
aqui cabe ser destacado, a saber, dispersão
e antagonismo. A primeira que
concerne aos campos da metodologia da
ciência e da própria filosofia, tem como objetivo ressaltar a
importância do “periférico” na medida em que não visa à centralização de um
núcleo. Já a segunda, por sua vez, repousa a sua essência na irredutibilidade a
que comporta frente a qualquer sistema. A reflexão feita por Freund sobre esses
dois elementos é que vai, por conseguinte, dimensionar e fundamentar todas as
outras reflexões presentes neste capítulo inicial.
Cabe salientar a importância do cuidado que o
leitor deve tomar ao fazer a leitura desse capítulo e especificamente a questão
referente à dispersão. Pois, Uma
leitura superficial, sem aprofundamento, poderá conduzi-lo à cogitação de Weber
como um anti-sistemático, isto é, alguém que não orienta corretamente o seu
pensamento para onde pretende conduzi-lo. Como prevenção a essa possível falha
de entendimento, Julien Freund refere que Weber
Não era um adversário incondicional da
sistematização de modo geral, mas considerava que no estado atual da ciência,
exposta a incessantes correções, modificações e reviravoltas por força do
caráter indefinido da pesquisa como tal, seria impossível edificar sistemas
definitivos. (FREUND, 1980, p. 10).
Desse modo, ele quer mostrar a maneira como Weber analisa a
ciência levando em conta o processo de mutação constante ao qual ela está o
tempo todo exposta. Devido a essa mudança linear, se torna impossível
estabelecer um sistema padrão universal que venha a ser impassível de
revogabilidade. Daí se segue que devido a essa incompletude da ciência todo
sistema não passa de um ponto de vista, o que tem por conseqüência a
impossibilidade de generalizá-lo como modelo universal válido para todos os
ramos do conhecimento.
Também relevante neste capítulo e a distinção
estabelecida entre valor e fato, sobretudo, no campo das ciências
humanas. O objetivo primordial disso é a eliminação de possíveis ambigüidades
no que diz respeito ao entendimento de ambos. É fundamental lembra que, de
acordo com o autor, o sentido da ação, no que diz respeito à pesquisa
cientifica, reside nos obstáculos que são propostos pela própria pesquisa, ou
trabalho científico. Desse modo, diga-se de passagem, a validade do valor não
pode ser determinada pela objetividade científica.
Uma passagem interessante que traz o
entendimento dos antagonismos e dos valores que, todavia, são diversos, é
quando Freund diz que “à multiplicidade e
ao antagonismo dos valores e dos fins correspondem à multiplicidade e o
antagonismo dos pontos de vista sob os quais um fenômeno se deixa explicar
cientificamente” (FREUND, 1980, P 11). Aqui o autor faz perceber que Weber,
de algum modo está estabelecendo um paralelo, ou uma relação entre teoria e
prática, entre ciência e ação, de modo que muitos dos desajustes que dá segunda
podem advir, a primeira pode evitá-los.
Refletindo sobre a realidade propriamente dita,
o autor afirma que “a realidade é
incomensurável ao poder do nosso entendimento, de maneira que este nunca cessou
de explorar os acontecimentos” (FREUND, 1980, p 12). Embora o entendimento
não reproduza a realidade do ponto de vista daquilo que já está dado, ele pode
muito bem fazê-lo por força dos conceitos. Desse modo, o autor demonstra haver uma
grande distancia entre o conceito e o real, que segundo ele, é infinita, ou
seja, jamais será suprimida. Sendo assim, embora a busca pelo conhecimento
traga a necessidade do uso de conceitos, mesmo assim, esses ainda continuam
inaptos à reprodução do real em sua integridade.
No item dois, o autor chama a atenção para dois
aspectos, por ele observados, nas sociologias do sec. XIX. O primeiro é o seu
caráter doutrinário, e o segundo seu caráter reformador. Ambos emergem,
sobretudo, em detrimento do científico, segundo ele. E isso se percebe em,
autores como Marx, Comte e Spencer. Dado esse momento, Freund refere que foi
com Durkheim que se lançaram as bases para o surgimento de uma sociologia, que
também foi entendida como ciência positiva. Nisso residiria, portanto, o mérito
de Durkheim.
O certo é que no ano 1895 em que ele (Durkheim)
publica as “Regras do método
sociológico", Weber era professor na universidade de
Fribourg-en-Brisgau e se ocupava muito mais de problemas de economia política e
de política social do que sociológica. (FREUND,
1980, p. 14).
Essa passagem mostra, portanto, que de início Weber está
preocupado com outras questões, ao passo que Durkheim já era um teórico da
sociologia.
No item três, o autor à luz de Weber, vai
definir a idéia de que, dada a sua racionalização, o mundo perde, portanto, a
sua sacralidade, sobretudo porque esse caráter racional (que se constitui como
uma espécie de aprimoramento da ciência, e que era própria da civilização
ocidental) consistia em uma nova forma de organizar a vida levando em conta a
relação do homem com o meio que o circunda.
No item quatro, que trata do antagonismo dos
valores, há uma sucinta reflexão sobre a irracionalidade, já que com a
civilização ocidental o mundo se colocou sobre o trono da racionalização. O
autor parte do princípio de que com o crescimento da racionalização, o
irracional reforça-se ainda mais.
O segundo capítulo – no item inicial – apresenta como ponto central a
contraposição de Max Webber em relação aos autores que preconizam a
possibilidade de haver um “fundamento
único para as ciências humanas”. O ponto de partida dessa reflexão
weberiana
Tem por base a disputa metodológica que dividiu os
universitários alemães ao apagar das luzes do século XIX. [...]. Naturalmente,
o debate logo se converteu em uma discussão sobre a classificação das ciências
e nesse particular, os partidários da autonomia das ciências humanas tomaram
por sua vez partido contrário (FREUND, 1980, p. 32).
Para aqueles que cogitavam ser una a realidade, tais como Wildelband e
Rickert, conforme refere o autor, o método seria o elemento primordial na
classificação das ciências, por que a partir dele é que se poderia distinguir
uma ciência da outra. Partindo do princípio de que “o sábio procura conhecer as relações gerais, ou então os fenômenos em
sua singularidade” (FREUND, 1980, p. 33), os dois autores já citados
concebem, em principio, a existência de dois métodos específicos, a saber, o
método generalizante e o individualizante. Diante disso, o autor refere que
Tomando a si a distinção entre o método generalizante
e o método individualizante, Webber não aceita as conclusões de Wildelband e
Rickert, particularmente a divisão das ciências que eles fundamentam sobre tal
diferença metodológica. Nada mais contestável do que reservar um desses métodos
a uma série de ciências e outras na outra serie. Ao contrário, qualquer ciência
utiliza, ao saber das circunstâncias, um e outro desses caminhos. (FREUND,
1980, p. 33).
A contraposição
de Webber em relação a esses autores se da, sobretudo, por uma dupla razão:
primeiro, ele não aceita a divisão, ou classificação da ciência a partir do método,
ou da diversidade deste; segundo, o evoluir da pesquisa pode trazer
gradativamente a necessidade de mudar de método, donde se conclui que a
ciência, no itinerário para o alcance de seus fins e objetivos, pode beber de
diversas fontes metodológicas. De acordo com o autor “é falso dizer que na prática as ciências da natureza utilizam
exclusivamente o método naturalístico ou generalizante, e as da cultura o
processo histórico e individualizante” (FREUND, 1980, p. 33), o que, obviamente,
corrobora o que foi dito acima. O autor considera que não há razões para
privilegiar um método em detrimento de outro. É nessa perspectiva que ele
afirma que “sendo o método uma técnica do
conhecimento, é comandado pela lei de toda técnica, ou seja, a eficácia”
(FREUND, 1980, p. 34), e conclui pela não existência de um método universal.
No segundo item, onde se discute sobre a “quantificação e experiências vividas”, um ponto importante que se
pode destacar é a relação estabelecida entre o conhecimento e a realidade. Essa
relação é mediada, pela conceitualização daquilo que está dado em uma dada
realidade. A elaboração de conceitos se torna, assim, fundamental na ciência na
medida em que exprime tanto uma realidade física, quanto social. Conceituar
significa, aqui, restringir os fenômenos da realidade física o que, do ponto de
vista lógico, facilita a compreensão. Desse modo, pode-se dizer que a
conceitualização é, sem dúvida, uma das vertentes principais pela qual jorra o
conhecimento cientifico.
No item três, que discorre, especificamente, sobre a “causalidade, a relação com os valores e a
interpretação”, o autor, centrado em Webber, objetiva essencialmente
retificar, em princípio, todo o mal-entendido que se gerou a partir do emprego
errôneo do princípio da causalidade. De acordo com ele
Uns identificam, por exemplo, causalidade e
legalidade, no sentido em que só a condição capaz de ser subordinada a uma lei
mereceria ser chamada causa. É um erro, diz Webber. Um efeito acidental depende
tanto de causas quanto um fenômeno dito necessário, e no fundo, todas as coisas
que se produzem no mundo deviam produzir-se da maneira como se manifestam e não
de outra. (FREUND, 1980, p. 39-40)
Com isso, o
autor está querendo mostra que fenomenologicamente as ações pelas quais as
coisas aparecem são contrarias àquelas pelas quais elas se produzem. Desse
modo, aquilo que em um dado momento aparece como causa, pode, em um momento
anterior, ter aparecido como efeito e vive-versa.
No quarto item Freund trata do “tipo
ideal”, que segundo ele, foi uma noção criada por Webber “para dar aos conceitos utilizados pelo
método um rigor suficiente” (FREUND, 1980, p. 48). O tipo ideal conforme
refere o autor “designa o conjuntos dos
conceitos que o especialista das ciências humanas constrói unicamente para os
fins da pesquisa” (FREUND, 1980, p. 48). O tipo ideal é uma espécie de
suporte a partir do qual uma abordagem da realidade – tanto por parte do
sociólogo, quanto do historiador – se torna possível.
No quinto item sub-intitulado “possibilidade
objetiva e causa adequada”, o autor afirmar que “a objetividade se fundamenta, pois, em nosso saber positivo das
condições existentes” (FREUND, 1980, p. 57). Essa concepção do autor se
torna fundamental na medida em que corrobora o que foi dito acima sobre a
formulação do tipo ideal.
No sexto e ultimo item que trata da “neutralidade axiológica”, o autor
afirma que “foi a propósito da
neutralidade axiológica que Webber divergiu, por vezes violentamente, da
maioria dos especialistas da metodologia do seu tempo” (FREUND, 1980, p.
61). Nesse ponto, o autor mostra que Webber não aceita que se apresente como
verdades científicas convicções pessoais e subjetivas, sobretudo para que não
se confunda as observações empíricas, passíveis de objeção do ponto de vista
científico, com o julgamento de valor.
No terceiro capítulo, Freund aborda como reflexão a
própria sociologia – entretanto – na perspectiva da compreensão. Neste, uma de
suas preocupações primeiras consiste em dar uma definição especifica para a
sociologia. Desse modo, ele diz que “a definição que comumente se dá de
Sociologia é a seguinte: é a ciência dos fatos sociais”. (FREUND, 1980, p.
67). Aqui surge, portanto um problema que consiste sobretudo em saber o que
pode ser entendido por fato social. Nesse
sentido, o autor refere que “denominamos
fatos sociais o conjuntos das estruturas da sociedade, das instituições e dos
costumes, das crenças coletivas etc.” (FREUND, 1980, p. 67). Desse modo,
pode-se dizer que o fato social é todo aquele devir, ou aquela dinâmica social
indissoluvelmente atrelada à ação humana.
Um ponto relevante levantado pelo autor é a
contraposição de Weber em relação ao Durkheim em se tratando da divisão da
sociologia. De acordo com Freund, em Durkheim
A Sociologia se divide em duas partes
principais: de um lado, a morfologia social, que tem por fim descrever as
estruturas com base em seu condicionamento geográfico, ecológico, demográfico,
econômico etc. e de outro lado, a fisiologia social, cujo objetivo é o estudo
do funcionamento dessas estruturas para descobrir as leis de sua evolução. (FREUND, 1980, p. 67).
Perceber-se, portanto, no pensamento de Durkheim, certa
possibilidade de independência da dinâmica social em relação à ação humana. É
como se “os fatos sociais se
desenvolvessem por si sós, como se obedecessem a uma dinâmica interna, fora da
participação” (FREUND, 1980, p. 67). Para refutar essa concepção e
aprofundar enfaticamente o pensamento weberiano, Freund refere que “A originalidade de Weber é não ter ele
cortado as estruturas e instituições sociais da atividade multiforme do homem,
que é ao mesmo tempo o seu obreiro e o dono de sua instituição” (FREUND,
1980, p. 68). Ou seja, percebe-se que em Weber há uma inextrincável relação
entre o homem (ou sua ação) e o conjunto, ou a totalidade, das instituições
sociais, as quais resultam diretamente da própria atitude, vontade e relação
dos homens entre si. Nessa perspectiva, o homem é o grande criador das suas
próprias instituições. É ele quem determina o sentido e o significado delas. E
é justamente nessas instituições que eles constroem e destroem as relações
sociais. O que interessa, portanto, para Weber é o conhecimento de como os
homens se relacionam na sociedade. A partir do entendimento dessas relações,
que não são estáticas, mas mudam gradativamente de acordo com o contexto e o
curso dos acontecimentos é que se pode entender como se dá o processo de
mutação das próprias instituições criadas pelos homens e que sofrem a influência
de concepções diversas em tempos diferentes.
Segundo Freund, “o
que lhe interessa (para Weber) é como
o homem se comporta na comunidade e na sociedade, como forma essas relações e
as transformas” (FREUND, 1980, p. 68). Ora, nesse sentido, o que o autor
está querendo mostrar é que a compreensão, ou o entendimento, da dinâmica
social com todas as suas instituições passa por uma ação primeira que consiste
em conhecer o homem que habita uma determinada sociedade. O autor refere que “contentar-se como estudar a evolução de uma
instituição unicamente no aspecto exterior, independe do que ela vem a ser pela
ação do homem, é fugir a um aspecto capital da vida social” (FREUND, 1980,
p. 68). Com essa reflexão, Freund ratifica a idéia de que a compreensão das instituições
se torna impassível de ser captada enquanto desvinculada da ação humana.
Um aspecto importante de ser lembrado é a articulação
deste terceiro capitulo com o anterior. Essa ligação se dá quando neste o autor
volta a tratar do método onde diz que
Qualquer ciência pode proceder, segundo
as necessidades de sua pesquisa, pelo método generalizante ou pelo método
individualizante. Desde que o exame científico do problema permaneça aberto e
não feche questões em nome de preconceitos e de prescrições filosófica a priori, não há motivo para que a
Sociologia despreze o singular. (FREUND, 1980, p. 69).
Desse modo, o autor está pretendendo a confirmação
daquela idéia anterior de Weber de que – na busca pela obtenção dos fins, a que
pretende atingir – a ciência pode se valer tanto de um método quanto de outro,
entretanto, não pode sobrepor um ao outro. Nesse sentido, é o andamento da
pesquisa que vai dizer qual método deve ser usado, levando em consideração o
contexto e a inconstância das concepções e ocorrências. O autor reconhece que
isso também se aplica às ciências sociais. Tanto é que ele afirma que “é [...] um erro vedar à sociologia certos
meios de investigação capazes de enriquecer nosso saber”. (FREUND, 1980, p.
69). Ou seja, não há uma unicidade metodológica, assim também como não há uma
única ciência que dê conta da totalidade da realidade.
Dada essa reflexão, o autor estabelece, então, uma
definição de sociologia, atingindo, portanto, o seu objetivo neste primeiro
item.
Chamamos sociologia (e é neste sentido
que tomamos este termo de significação as mais diversas) uma ciência cujo
objetivo é compreender pela interpretação [...] a atividade social, para em
seguida explicar causalmente o desenvolvimento e os efeitos dessa atividade (FREUND, 1980, p. 71).
No segundo item, reflexão do autor se dá em torno da
questão referente à compreensão. Neste, sua pretensão fundamental é apontar
que, em Weber “a compreensão não passa de
um meio auxiliar que torna mais fácil a descoberta do sentido” (FREUND,
1980, p. 76). Ou seja, compreender algo significa, justamente, descobrir o seu
sentido. “A questão weberiana é pois a
seguinte: em que medida a compreensão é um processo capaz de elaborar em
sociologia verdades válidas para todas os que querem a verdade?”. (FREUND,
1980, p. 72). Esse, segundo o autor, é o problema central ao qual Weber busca
uma solução.
Nas ciências da natureza, por exemplo, a pretensão da
busca, ou do alcance, da verdade pressupõe, incondicionalmente, a procura da
relação que se dá entre causa e efeito. Na perspectiva das ciências sociais, o
processo é feito de forma diferente. Nessa ciência, o que importa é compreender
o sentido da ação e não a relação causa-efeito. É pela compreensão do sentido
que melhor de pode chegar à compreensão da causalidade. Ou seja, para que se
chegue ao conhecimento da causa é preciso primeiro compreender o efeito.
No item três, Freund parte do pressuposto de que a
sociologia se ocupa do estudo do social. Nesse sentido ele demonstra haver
diversos tipos de atividade social. Mas antes, ele refere que no pensamento de
Weber pode se entendido como atividade social. De acordo com ele, “por atividade social entendemos a que,
segundo o sentido visado, o agente ou os agentes relacionam com o comportamento
de outrem para orientar, em conseqüência, seu desenvolvimento”. (FREUND,
1980, p. 78). De acordo com o autor, a definição da atividade social é feita a
partir da racionalidade. Nesse sentido ele demonstra que “Weber distingue a atividade racional por finalidade, a atividade
racional por valor, a atividade afetiva e atividade tradicional”. (FREUND,
1980, P. 79). É importante ressaltar que para haver a atividade social, é
preciso, antes de tudo, que haja o contato entre as pessoas.
No item quatro, o autor trata do Indivíduo. Neste item ele mostra que somente a consciência
individual é que pode dá sentido à consciência. Isso se evidencia melhor quando
autor afirma que “todo apelo a um sentido
supõe uma consciência, e está é individual”. Refletindo sobre o Estado, o
autor insinua que uma das preocupações desse (o Estado) é inserir os conflitos
que estão inseridos na sociedade. Desse modo, estabelecendo um paralelo com a
sociologia, Freund demonstra que a sociologia não está preocupada em saber se
Lei é legitima ou não, mas sim, saber as transformações que foram geradas a
partir do erro dessas leis.
No item cinco, discorrendo sobre “As oportunidades e as estruturas sociais”, o autor insinua que a
obrigação também faz parte das relações sócias e, portanto, estão presentes na
estrutura da sociedade. Considerando que as relações sociais são complexas e
conflituosas, a obrigação se torna
fundamental, sobretudo porque regulariza as relações sociais que pretende ser
mais duráveis.
No sexto (e ultimo item), em sua parte final, trata da
luta que se tece na sociedade em vista das disputas pelo poder. Neste ponto, o
autor refere que uma das características do Estado é o fato dele “deter o monopólio da violência e do
constrangimento físico”. A idéia central neste contexto é a de que o estado
usa da força para obrigar os cidadãos ao cumprimento de seus respectivos
deveres. Nesse sentido, o que faz com que o Estado seja Estado é o fato de que
ele tem força e usa dela para atingir seus objetivos. Em suma, não existe
Estado sem força.
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