terça-feira, 29 de março de 2011

FICHAMENTO DO CAP. VII DO LEVIATÃ





SOBRE OS FINS OU RESOLUÇÃO DO DISCURSO

O juízo ou sentença final – A dúvida – A ciência – A opinião – A consciência – A crença – A fé

- Em todo discurso, governado pelo desejo de conhecimento, há pelo menos um fim, quer seja para conseguir ou evitar alguma coisa. Onde quer a cadeia de discurso seja interrompida existe um fim provisório. (p. 55)
- Se for apenas mental, o discurso consistirá em pensamentos de que uma coisa será ou não, de que ela foi ou não foi, alternadamente. (p. 55).
- Tal como o último apetite na deliberação se chama vontade, assim também, a última opinião na busca da verdade sobre o passado e o futuro chama-se juízo, ou sentença final e decisiva daquele que discursa.  (p. 55).
- [...] o conjunto da cadeia de opiniões alternadas, quanto ao problema da verdade e da falsidade, se chama dúvida. (p. 55).
- [...] nenhuma espécie de discurso pode terminar no conhecimento absoluto dos fatos passados ou vindouros. Porque para o conhecimento dos fatos é necessário primeiro a sensação e depois disso a memória, e o conhecimento das conseqüências, que acima já disse chamar-se se ciência, não é absoluto, mas condicional. (p. 55).
- Ninguém pode saber, por meio do discurso, que isto ou aquilo é, foi ou será, o que equivale a conhecer absolutamente. É possível apenas saber que, se isto é, aquilo também é; que, se isto foi, aquilo também foi; e que se isto será, aquilo também será; o que equivale a conhecer condicionalmente. (p. 55-56).
- Quando o discurso é expresso por meio da linguagem, portanto, começa pela definição das palavras e procede mediante a conexão destas em afirmações gerais, e posteriormente em silogismos. O fim ou soma total é chamado de conclusão. (p. 56).
- Se o primeiro terreno desse discurso não forem as definições, ou se as definições não forem corretamente ligadas em silogismos, nesse caso o fim ou conclusão volta a ser opinião acerca da verdade de algo afirmado, embora as vezes em palavras absurdas e destituída de sentido, sem possibilidades de serem compreendidas. (p. 56).
- [...] o testemunho da consciência tem sido sempre atendido com a maior diligencia em todos os tempos. Depois passou-se a usar metaforicamente a mesma palavra, indicando o conhecimento dos fatos secretos e pensamentos secretos de cada um, sendo portanto metaforicamente que se diz que a consciência equivale a mil testemunhas. (p. 56).
- [...] os homens, veementemente apaixonados por suas opiniões por mais absurdas que fossem, e obstinadamente decididos a mantê-las, deram também a essas opiniões o reverenciado nome de consciência, como se pretendessem ilegítimo mudá-las ou falar contra elas. Dessa forma pretende saber que estão certos, quando no máximo sabem que pensam estar. (p. 56).
- Na crença há duas opiniões, uma relativa ao que a pessoa diz, e outra relativa à sua virtude. Acreditar, ter fé em, ou confiar em alguém, tudo isso significa a mesma coisa: a opinião da veracidade de uma pessoa. Acreditar no que é dito, significa apenas uma opinião da verdade da coisa dita. (p. 57).
- No Credo, “crer em” não significa confiar na pessoa e, sim, na confissão e aceitação da doutrina. (p. 57).
- [...] quando acreditamos que qualquer espécie de afirmação é verdadeira, com base em argumentos que não são tirados da própria coisa, nem dos princípios da razão natural, mas são tirados da autoridade de quem fez essa afirmação, neste caso o objeto de nossa fé é o orador ou a pessoa em quem acreditamos, ou em quem confiamos e cuja palavra aceitamos; e a honra feita ao acreditar é feita apenas a essa pessoa. Consequentemente, quando acreditamos que as Escrituras são a palavra de Deus, sem ter recebido qualquer revelação imediata do próprio Deus, o objeto de nossa crença, fé e confiança é a igreja, cuja palavra aceitamos e à qual aquiescemos. (p. 57)
- Aqueles que acreditam naquilo que um profeta lhes diz em nomes de Deus aceitam a palavra do profeta, honram-no e nele confiam e crêem, aceitando a verdade do que ele diz, quer se trate de um verdadeiro ou falso profeta. (p. 57).   
- [...] seja o que for que acreditarmos tendo como única razão para tal a que deriva apenas da autoridade dos homens e de seus escritos, que eles tenham sido ou não enviados por Deus, nossa fé será apenas fé nos homens. (p. 58).

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