FÁBIO COIMBRA[1]
O
inconsciente – frente ao qual todo sujeito tem uma posição subjetiva –, objeto
de estudo da psicanálise, é definido, em suma, como uma instancia mental, cujo
controle não pode ser exercido pelo homem. Nele se encontram arquivadas todas
as experiências do sujeito, as quais se estendem do início de sua formação –
ainda no ventre materno – até o seu ultimo instante de vida. Essas experiências
arquivadas – ou eventos vividos em algum momento da vida – não ficam isoladas
completamente, isto é, livre de manifestação, pelo contrário, existem meios
pelos quais elas se manifestam. Pode se tomar a título de exemplo os sonhos,
que trazem a lume coisas, ou acontecimentos que foram vistos, escutados, ou
vividos durante o dia (estado de consciência). Muitas vezes também o sonho
expressa desejos que o sujeito possui e que, pelo fato desse desejo ser
inconsciente, ele ainda não se deu conta de sua existência, donde se deduz que
os sonhos possuem algo de enigmático. Daí se infere que os sonhos também são
manifestações de desejos. Cabe ressaltar que o desejo não deve ser confundido
com a vontade. A diferença básica que há entre ambos, e que aqui convém
assinalar, diz respeito ao fato de que o desejo é sempre inconsciente e
manifesta a ausência de alguma coisa, enquanto que a vontade indica a presença.
Em outros termos, significa dizer que temos a vontade de usufruir as coisas das
quais temos consciência e que estão presentes para nós, ao passo que desejamos
aquilo que nos falta e que não temos consciência.
Outro
exemplo de manifesta do inconsciente é aquilo que na psicanálise se denomina de
“ato falho”. Em outros termos, significa momentos em que o sujeito diz uma
determinada coisa em um determinado momento a qual não poderia dizer no
contexto e no momento em que foi dito.
Em
suma, o inconsciente se estrutura como uma linguagem. É também o lugar onde subjazem
todas as verdades acerca do sujeito, do ponto de vista da psicanálise. O conhecimento
dessa verdade depende de uma forma de linguagem usada pelo próprio inconsciente.
Somente quando o inconsciente se manifesta é que se pode conhecer o sujeito em
seus aspectos subjetivos que, como tais, não se revelam com facilidade. Pode se
dizer ainda que a psicanálise guia o sujeito para um momento singular, qual
seja, o encontro com o inconsciente.
Uma
característica intrínseca do inconsciente, que aqui cumpre precisar, é a sua
atemporalidade, em contraste com a temporalidade da consciência.
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