Um ponto relevante quanto a isso, são as
reflexões de Ricoeur sobre a política em seu aspecto racional, onde ele centra
seu raciocínio no Estado moderno tomando como base o filósofo alemão Hegel,
especificamente a obra intitulada “Princípio da filosofia do direito”. Nesse
sentido, sua preocupação gira em da torno da
racionalidade e da universalidade do Estado. Desse modo, ele refere que
O
primeiro filósofo a haver refletido sobre essa forma de universalidade foi
Hegel nos Princípios da filosofia do direito. Foi Hegel o primeiro a mostrar
que um dos aspectos da racionalidade do homem e ao mesmo tempo um dos aspectos
de sua universalidade, e o desenvolvimento de um estado que põe um jogo um
direito e desenvolve meios de execução sob a forma de uma administração. [1]
Na visão de Hegel, o estado aparece também
como um fator de racionalização e universalização do sujeito humano. E isso se
dá, sobretudo, pelo fato dos estados possuírem algo, ou pontos em comum.
Nós
os vemos todos evoluírem inelutavelmente desde que se atinjam certas etapas de
bem- estar, instrução e cultura [...]; vemo-los todos à procura de um
equilíbrio entre as necessidades de concentrar, e mesmo de personalizar o
poder, a fim de tornar possível a decisão, e por outro lado a necessidade de
organizar a discussão a fim de fazer com o que o maior número de cidadão participe
dessa decisão. [2]
Essas características comuns dos estados são
como que uma rede de integração dos indivíduos a um sistema que se torna
mundial na medida em que eles (os estados) apresentam preocupações e passam a
buscar objetivos semelhantes. Para mostrar outros traços característicos desse
fenômeno, Ricoeur refere que
[...]
nos achamos em face de um estado puro e simples, de um estado moderno, quando
vemos o poder capaz de estabelecer uma função pública, um corpo de funcionários
que preparam as decisões e que as executam sem ser pessoalmente responsáveis
pela decisão política. Eis ai um aspecto racional da política concernente agora
absolutamente a todos os povos do mundo, a ponto de constituir um dos critérios
mais decisivos da ascensão de um estado à cena mundial. [3]
Com a mundialização há, portanto, um
compartilhamento das atividades, que antes estava a cargo de uma só pessoa ou
de um pequeno grupo.
Um aspecto importante da política moderna,
que cabe destacar, diz respeito à questão referente ao poder e a força. A força
é justamente aquilo que leva os indivíduos ao cumprimento do dever quando eles
se recusam a cumpri-los. Nessa perspectiva, o estado é, então, esse ser que
coage a liberdade do sujeito. Desse modo, promove certo ajustamento dos indivíduos
à ordem social estabelecida, em se tratando do cumprimento, ou das
responsabilidades para com as obrigações.
REFERÊNCIA
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