UNIVERSIDADE
FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO
DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO
DE FILOSOFIA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID / CAPES
SÃO
LUÍS – MA
ABRIL
– 2011
_________________________________________________
FÁBIO
COIMBRA
RELATÓRIO
PARCIAL REFERENTE ÀS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS JUNTO AO PIBID NO PERÍODO DE
ABRIL DE 2010 A ABRIL DE 2011
SÃO
LUÍS – MA
ABRIL
– 2011
____________________________________________________________
___________________________________________________________
Fábio
Coimbra
___________________________________________________________
Bolsista da CAPES com
atuação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência; Graduando
em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão; Código: ff09229-45;
Endereço: Rua São Pantaleão, 168, Centro, São Luís – Maranhão; Fone: (98)
3231-6666 / (98) 81477904: E-mail: antaresf84@yahoo.com.br
___________________________________________________________
___________________________________________________________
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
....................................................................................................
4
1. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
NA UNIVERSIDADE .......................................................................................... 6
NA UNIVERSIDADE .......................................................................................... 6
2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
NA ESCOLA CONVENIADA ...........................................................................
8
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
.......................................................................
11
REFERÊNCIAS (anexo I – levantamento
bibliográfico) ........................ 15
ANEXO II ............................................................................................................
17
ANEXO
III ...........................................................................................................
19
ANEXO
IV ..........................................................................................................
23
ANEXO
V ...........................................................................................................
24
____________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Este
relatório tem por propósito traçar um panorama das atividades que foram
desenvolvidas no período situado entre junho de 2010 e abril de 2011,
referentes ao Programa Institucional de Bolsa de iniciação à Docência (PIBID)
da CAPES junto ao curso de licenciatura em Filosofia da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), de acordo com o Edital Nº 02/2009 – CAPES/DEB.
Quanto
à estrutura, o relatório se constitui de dois específicos momentos. No
primeiro, busca-se fazer um esboço geral das atividades que foram desenvolvidas
na universidade como forma de preparação para a ida às escola nas quais as
atividades seriam desenvolvidas. Num segundo momento, pretende-se fazer uma
abordagem das atividades que foram desenvolvidas no seio da escola. Em outros termos,
significa dizer que o relatório se constitui a partir da junção entre teoria e
prática.
Em
se tratando do primeiro momento, ou seja, as atividades desenvolvidas na
universidade, demonstrar-se-á que o ponto de partida se deu com uma pesquisa
bibliográfica, seguida de uma outra, que foi a cinematográfica. O que se
buscava com ambas era coletar fontes que de algum modo pudessem contribuir para
a melhora do ensino da filosofia. Noutro momento, foi iniciado o estudo de um
livro de Teodoro Adorno, cujo titulo se lê “Educação e Emancipação”. Além dessa obra, ainda fora requisitado para
leitura os textos de alguns filósofos sobre a educação, como por exemplo, o
artigo “A crise da Educação” de Hannar Harendt.
Sobre
o segundo momento, ou seja, sobre as atividades desenvolvidas na escola,
perceber-se-á que as atividades foram desenvolvidas em dupla. Devido a pequenos
fatores, houve quem trabalhasse sozinho, a exemplo de mim. Conforme se verá, o
grupo do PIBID/Filosofia fora divido em dois, sendo um para trabalhar no
Colégio nerval Lebre, e outro no CEGEL (Centro de Ensino Gov. Edson Lobão). No
Nerval, grupo – para lá destinado – foi recebido muito bem. Em princípio, no
Nerval fora disponibilizados todos os horários, bem como quais seriam as salas
nas quais se ia trabalhar. Em seguida, cada um escolhera o seu dia para o
desenvolvimento de suas atividades de acordo com a disposição de horário.
Após
a formação das duplas, e a divisão de horário, o professor Ermilton, que seria
o supervisor no Colégio Nerval Lebre fez algumas considerações sobre os
problemas em relação ao ensino de Filosofia, conforme se verá. Feito tudo isso,
o passo seguinte foi a aplicação de um questionário, que permitiu ver – a
partir da opinião dos alunos – como estava sendo a aula de Filosofia.
1. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA
UNIVERSIDADE
Em
princípio, cumpre ressaltar que o início das atividades do PIBID se deu aos 2
(dois) dias dos mês de Junho de 2010. Na primeira reunião, sob a coordenação da
professora Maria Olília Serra, foi feita uma apresentação dos bolsistas. Em
seguida, a professora falou do programa, frisando alguns aspectos do mesmo,
como, por exemplo, a duração (que seria de um ano, podendo ser renovada por
igual período de acordo com o desempenho do bolsista), e a finalidade (onde
disse que um dos objetivos do programa era propiciar aos acadêmicos dos cursos
de licenciatura uma experiência, ou um primeiro contato com a sala de aula.
Outro objetivo do programa seria o de buscar valorizar os cursos que preparam
para a docência, incentivando, desse modo, os acadêmicos que se preparam para seguir
a docência como profissão).
Sobre
o modo de trabalho, a professora disse que a turma ia ser dividida em dois
grupos de 10 membros para assim executar as atividades do PIBID em duas escolas
da rede pública, respectivamente – em princípio – o COLUN (Colégio
Universitário) e o CEGEL (Centro de Ensino Gov. Edson Lobão), localizado no
centro da cidade. Posteriormente, por motivo de horário, decidiu-se pela
mudança do COLUN para Colégio Nerval Lebre, localizado no bairro Cambôa. Em
seguida foi falado sobre os supervisores das escolas, sendo estes professores
da disciplina Filosofia e que iriam dirigir os trabalhos das equipes, cada uma
em sua escola. Do CEGEL, foi dito que a supervisora seria a professora Cecília,
enquanto que no Nerval Lebre, o supervisor seria o professor Ermilton. Dito
isso, a professora Olília passou algumas atividades que deviam ser feitas
antes, como meio de preparação da ida para as escolas. Nesse sentido, as duas
primeiras atividades desenvolvidas, de caráter teórico, foram uma pesquisa
bibliográfica sobre o ensino da filosofia (o objetivo era reunir referências de
obras de autores que discorrem sobre o ensino da filosofia, bem como maneiras
de se ensinar filosofia, no contexto da educação básica) e uma um levantamento cinematográfico
(o objetivo aqui era fazer uma pesquisa sobre filmes que de alguma forma
pudessem contribuir para o melhoramento da aprendizagem, uma vez que isso
também diz respeito a uma forma de metodologia que pode muito bem ser empregada
pelo professor). Essas duas atividades foram feitas em dupla e apresentada na
Sala.
Num
terceiro momento, em se tratando das atividades na universidade, de caráter
preparatório, foi feito um estudo aprofundado do livro “Educação e Emancipação”
de Teodoro Adorno. O livro era composto de oito capítulos. Desses, três foram
leitura obrigatória, a saber, “Educação após Aushwitz”, “A educação contra a
barbárie” e “Educação e emancipação”. Esses capítulos depois de estudados
individualmente em casa foram, todos, discutidos em grupo, o que originou uma
riqueza considerável de conhecimentos. Além dessas, outras leituras foram
requisitadas, como, por exemplo, “A pedagogia de Kant”, um artigo sobre “autonomia”
de Silvio Galo, alguns textos dos filósofos sobre “educação” e o artigo “A
crise da educação” de Hanna Harendt. Essas atividades foram, então, as últimas
desenvolvidas no contexto da teoria. Em seguida passou-se ao campo da ação
prática. É válido ressaltar que nessa ocasião, o grupo do PIBID já não contava
mais com a presença da professora Olília, que teve que se ausentar em vista do
seu doutorado. No lugar da professora Olília, assumiu, como coordenador, o
professor Dr. Almir Ferreira Junior.
Com
o professor Dr. Almir, os trabalhos que vinham sendo desenvolvidos como forma
de preparação para a ida às escolas foram continuados. Em uma das muitas
discussões que houve voltada para o ensino da filosofia e como fazer para
melhorá-lo dada essa necessidade, o professor Almir chamou a atenção para o
fato de que a preparação de uma boa aula de filosofia tem como requisito básico
a questão da problematização. Disso isso para corroborar que uma das grandes
dificuldades que se apresentam no ensino da filosofia pode residir justamente
no fato do docente não saber problematizar a aula. Diante dessa dificuldade, o
professor questionou sobre o que o PIBID podia pensar nos dias atuais para as
possíveis interferências, tal como é o objetivo do programa.
2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS NA ESCOLA CONVENIADA
Após o processo de preparação para a
experiência com o cotidiano da sala de aula, as duas equipes que compõem o
grupo do PIBID/Filosofia partiram, então, para a prática. Desse modo, fomos (na
reunião seguinte) direto para o Colégio Nerval Lebre, onde fomos recebidos pela
direção da escola, bem como pelo professor Hermilton, que foi o supervisor. Em
seguida fomos para a sala 203, onde nos fora passado, pelo professor Hermilton,
os horários do Nerval Lebre. Os dias de aula de Filosofia no Nerval seriam os
seguintes: segunda, terça e sexta-feira. Os horários são os que se segue:
segunda: 1º, sala 201; 3º, sala 103, 4º,
sala103, e 5º, sala 202; terça: 4º,
sala 202, 5º, sala 101, e 6º, sala 201; e sexta: 3º, sala 101, 5º, sala 102, e 6º, sala 102. Feito isso, ficou decidido que o trabalho
seria por dupla. Logo após, cada um dos bolsistas fez a escolha dos dias e
horários para o desenvolvimento de suas atividades. Os dias escolhidos por mim
(Fábio Coimbra), que acabei por trabalhar sozinho, para desenvolver minhas
atividades foram às segundas-feiras; a sala escolhida foi a 103, e o horário
foi o que ia das 08h50min às 10h45min. A turma com a qual eu trabalhei foi uma
de 1º ano.
Dado
esse primeiro momento, o professor Hermilton fez em seguida um demonstrativo de
dias nos quais não deveria ter aulas. Em princípio, disse que do dia 11 ao dia
15 de outubro não haveria aula de filosofia em vista de feriados; do dia 18 a
22 de outubro também não haveria aula, em vista de feriado, segundo ele, e do
dia 26 ao dia 29 também não haveria aula pelo fato de que o colégio seria
entregue ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) em razão da eleição para 2º
turno. No dia 1º (primeiro) de novembro as aulas também não deveriam acontecer
devido à limpeza a ser feita após a eleição. Haja vista o segundo dia do mês de
novembro (que seria uma segunda feira) ser feriado (finados), e os meus dias de
atividades naquela escola serem justamente às segundas-feiras, eu só pude
retornar as atividades na segunda seguinte, ou seja, no dia 8 (oito) de
novembro.
Feitas
essas divisões e colocações, o professor Hermilton fez ainda algumas
considerações sobre os dias nos quais não deveriam ocorrer aulas. Disse que
“por lei, os alunos devem ter 200 dias de aula por ano. No mês de outubro não
houve aulas de filosofia”. Disse ainda que “do início do semestre até o mês de
agosto, só houve aulas no mês de agosto, e alguns dias de setembro em vista de
feriados”.
No
dia 8 (oito) de novembro, já estando em sala, o professor, juntamente comigo,
fez uma exposição de filme para os alunos. O filme trabalhado intitulava-se
“Quem somos nós”. Na verdade, não se tratava de um filme propriamente dito, mas
de um documentário sobre a Física Quântica. O objetivo era desenvolver uma
reflexão sobre a realidade. No dia 9 (nove) de novembro, isto é, uma terça
feira, o professor Hermilton convocou uma reunião com os bolsistas do Nerval, a
qual deveria ocorrer na UFMA às 17h00min, como de fato ocorreu, ainda que sem a
presença de todos os bolsistas. No dia 15 (quinze) de novembro não ouve aula em
vista do feriado nacional (Proclamação da República). No dia 22 (vinte e dois)
de novembro, eu fiz a aplicação de um questionário à turma. Esse questionário
foi trabalhado antes, em uma das reuniões do PIBID pelo professor coordenador,
Dr. Almir, que expôs os objetivos do questionário. No dia 29 (vinte e nove) de
novembro, o professor Hermilton passou um assunto de prova à turma. Nessa aula,
o professor solicitou a mim que colaborasse com uma pequena reflexão sobre o
assunto. Antes da minha colaboração, o professor explicou todo o assunto, e
após isso, disse à turma que eu (Fábio) iria fazer uma reflexão sobre o que ele
já havia tratado. Desse modo, eu (Fábio) atendi o que me for solicitado. O texto
trabalhado discorria sobre teoria do conhecimento que tratava de correntes tais
como “empirismo”, “racionalismo”, “dogmatismo” e “ceticismo”. No dia 6 (seis)
de dezembro foi a aplicação da prova, ocasião na qual eu estava presente em
sala. No dia 23 de dezembro não houve aula em vista da reunião do conselho de
classe da escola. No dias 20 (vinte) de dezembro deu-se início ao recesso de
natal e ano novo. O retorno estava previsto para o dia 3 (três) de janeiro de
2011.
Após
a aplicação do questionário à turma, o grupo do PIBID passou a ter reunião[1]
com o professor coordenador Dr. Almir para compartilhar a experiência de ter
aplicado o questionário. Depois de todas as considerações dos bolsistas, o
professor Dr. Almir solicitou que cada um fizesse uma sugestão de plano de aula
com base nas informações que foram colhidas dos alunos ao responderem o
questionário. Com base no questionário aplicado, e atrelado, ao plano de aula
que fiz, aventurei-me em escrever um texto sobre ensino da filosofia, cujo
título se lê “Considerações sobre o
ensino da Filosofia no Ensino Médio a partir de um questionário aplicado junto
a uma turma de primeiro ano” [2].
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Após
um ano de atividades desenvolvidas por meio do Programa Institucional de Bolsa
de iniciação à Docência da Capes, é possível dizer que as experiências
desenvolvidas na escola e na universidade já configuram uma nova forma de olhar
e conceber a realidade da escola no contexto da educação básica no nível médio,
especificamente no que tange ao ensino da Filosofia.
Por
meio do programa, foi possível perceber que os problemas que permeiam a
realidade da escola são às vezes tão elevados de modo a atrapalhar o
funcionamento, bem como também, por vezes, a própria estrutura. Em princípio se
pode dizer que esses problemas são de duas espécies: internos e externos. Os
internos são aqueles gerados a partir de uma série de fatores como, por
exemplo, as relações verticais que se estabelecem algumas vezes entre
professores e gestores; baixo salário; desvalorização do magistério; greves,
dentre outro. Os externos, à sua vez, dizem respeito a todos aqueles problemas
que migram da dupla realidade, social e econômica, relativa a cada um, para a
escola. Para compreender esse problema de natureza externa é preciso antes de
tudo saber que a escola é como um espelho que reflete as várias realidades que
nela se apresentam. É preciso entender que a escola é um mundo dos mundos; é
uma realidade que como tal engloba varias outras; é como um mosaico composto de
peças diferentes, de diferentes tamanhos, de cores diferentes e diferentes
brilhos. Essas cores, brilhos e tamanhos são os sujeitos (ou melhor, alunos)
concretos, absolutos e singulares. Cada um vem de uma realidade diferente, com
problemas diferentes, que tem sonhos diferentes, e perseguem objetivos
diferentes. Um é pobre, outro é de mais condição, outro passa fome, outro é
preto, outro é branco, outro é mulato, um gosta disto, outro daquilo etc. etc.
O que se quer dizer com isto é que cada aluno vem de um mundo, ou uma realidade
que lhe é intrínseca e inextrincável. É justamente dessa diversidade de mundos
menores, fragmentados e problemáticos, dentro de um mundo englobante, que é a
escola, que faz surgir – muitas vezes – no seio desta ultima diversos problemas
como briga entre alunos, discussão com professor, bater em professor,
reprovação, desistência etc. Aqui cumpre ressaltar que esses não são todos os
problemas que circunda e habitam a escola, mas parte de um todo que é muito
mais amplo e complexo. Problemas tais como fome, briga com família, conflitos
de grupos externos à escola, uso de droga, tráfico, pobreza etc. são fatores
que, não obstante, estão aptos a convergir à escola, bem como se mostrar dentro
dela. Esses problemas, muitas vezes, refletem com mais perspicácia nos lugares
em que ao entorno da escola se dissemina o mundo da droga e do tráfico.
Entretanto, cumpre ressaltar que isso é apenas uma tendência e uma
possibilidade, considerando que possível se diz daquilo que pode ser. Isso
também não significa dizer que nas escolas que se localizam longe dessa
realidade sejam puras e destituídas de problemas, pelo contrário, elas também
se encontram recheadas de problemas. Ambas possuem em comum os mesmos problemas
internos, tal como já fora citado. Quanto aos problemas externos, há certas
diferencias como, por exemplo, o grau de intensidade com que eles se
manifestam. Que fique claro uma coisa: não se está querendo dizer aqui que a
escola da periferia é pior e a do centro melhor, mas simplesmente que a
quantidade e a intensidade dos problemas de cada mundo escolar vão depender,
dentre outros, do ambiente que circunda a escola. É por essa razão que se
costumas encontrar esta escola com estes problemas, e aquela com àqueles,
sobretudo, em se tratando daquilo que aqui está sendo compreendido como
problemas externos à escola. Os conflitos de alunos com professores estão
presentes tanto nas escolas da periferia como nas do centro; o ato de bater em
professor está tanto na periferia como no centro, conforme nos têm mostrado as
mídias que transportam as informações. Em suma, o que se está querendo dizer é
que as realidades não são as mesmas e nem iguais em todos os lugares. Cada
lugar possui uma estrutura diferente, uma forma de vida diferente, um meio econômico
diferente, uma dinâmica diferente.
Diante
de todas essas considerações sobre o entorno da escola, não poderíamos deixa
aqui de fazer também algumas considerações sobre o gerenciador de tudo isso, a
saber, o Estado. A educação como direito de todos é um dever exclusivo do
Estado a sua promoção. Atrelado ao dever do Estado está o da família. O ideal
aqui é que a escola dê as mãos à família para que ambas possam caminhar juntas
afim de que a caminhada seja mais sólida. Ao estado compete fornecer a segurança
nesse caminhar que desconstrói para reconstruir, ou constrói ainda não fora
construído nada.
Sobre
o ensino da Filosofia, se pôde perceber que os problemas são diversos. Às vezes
falta material, falta estrutura, as escolas não disponibilizam livros ou quaisquer
outros materiais didáticos. Sendo as multimídias, algumas vezes, precárias os
procedimentos metodológicos de aulas ficam, por vezes, pesados para os alunos
do ensino médio, ou fundamental, que ainda não possuem aquele hábito de se
debruçar sobre a leitura e a escuta atenta. Com falta de material fica difícil
colher bons frutos do trabalho executado.
Outro
problema, ainda sobre o ensino da Filosofia, diz respeito ao fato de que muitas
vezes o professor[3]
que lecionam essa disciplina não é um profissional da área, mas apenas alguém
que preenche um espaço. Disso resulta como consequência os maus entendidos
sobre a filosofia, o que, de alguma forma, gera um desgosto pela mesma. Outra
consequência daí decorrente é a dificuldade do aluno em apreender filosofia,
uma vez, que o aprendizado ou o entendimento dessa disciplina depende, em
grande parte da autoridade e do domínio do professor sobre os conteúdos
trabalhados.
Diante
de todas as dificuldades vividas e observadas no que diz respeito ao
desenvolvimento do Programa, ainda é possível dizer que nesse primeiro ano de
atividades a proposta que constitui o objetivo geral do subprojeto, a saber,
“Proporcionar aos estudantes de Filosofia uma vivência com o ensino desta
disciplina no contexto do Ensino Médio, tendo em vista a formação”, foi em boa
parte alcançado. Essa vivência, entretanto, tem um lado negativo na medida em
que não cumpre com alguns dos objetivos específicos, como por exemplo, o de
“incentivar a formação de professores de filosofia”. Neste caso, não houve um
incentivo dado que os problemas passíveis de percepção se apresentavam como bem
maiores do que as possíveis soluções para os mesmo. Se esse primeiro objetivo
especifico falhou sob algum aspecto, o segundo, que consistia em “Articular a
educação superior em Filosofia com a educação básica” pode-se dizer, se
configurou enquanto tentativa que, em boa parte, deu certo, dado o contato, e a
freqüência dos bolsistas nas escolas de trabalho. O terceiro objetivo
específico que visa “Incentivar a participação dos estudantes de Filosofia em
ações e práticas docentes”, atingiu parcialmente o seu fim. O quarto objetivo
específico, qual seja, “Contribuir com o ensino da Filosofia no Ensino básico”,
talvez tenha sido o de maior êxito, dado o engajamento dos grupos buscando, de
alguma forma, interferir na caótica realidade do ensino na educação básica. O quinto,
e último, objetivo específico quase não foi desenvolvido, não por falta de
interesse do grupo do PIBID, mas em razão dos próprios problemas das escolas.
Em
suma, a experiência que se deu em torno de um ano com a realidade da educação
básica, em geral, a escola, foi parcialmente boa uma vez que permitiu abrir
caminhos para a aquisição de novos conhecimentos. Permitiu também realizar em
boa parte a metodologia e finalidades do subprojeto, como, por exemplo, a
“Inserção do estudante de Filosofia na escola de ensino básico, tendo em vista
os primeiros contatos com a organização escolar em toda sua ambiência docente e
principalmente discente”. Das metas a serem alcançadas, tal como expostas na
metodologia do Programa, apenas duas foram executadas completamente. São elas:
(primeiro) “Pesquisa bibliográfica pertinente à docência da Filosofia no Ensino
Médio”; e (segundo) a “Observação do trabalho docente. Dos resultados a serem
obtidos, todos foram atingidos, mas apenas parcialmente.
Feitas
as devidas considerações, pode-se dizer que a grandeza do Programa, no que diz
respeito a essa primeira parte, apesar dos problemas, residiu no fato de ter permitido
traçar novos horizontes sob o prisma de que o passado pode ser curado e
recuperado com uma nova perspectiva, entretanto se, e somente se, o presente
que consome o futuro for concebido e vivido como o “aqui” e “agora”, a “hora
certa do fazer valer” e direcionado na perspectiva do que se pretender,
incansavelmente, alcançar. [4]
REFERÊNCIAS
ANEXO I
LEVANTAMENTO
BIBLIOGRÁFICO
ARANHA, Maria Lucia
de Arruda. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1998.
BEATRIZ, Sabóia. A
ditadura brasileira e o ensino da filosofia. São Luis: EDUFMA, 2001.
CARTOLANO, Maria
Tereza Pentedo. Filosofia no ensino de 2 grau. São Paulo: Cortez, 1985.
CHAUÍ, Marilena. Convite
à filosofia. São Paulo: Ática, 1998.
______. Filosofia:
ensino médio.
São Paulo: Ática, 2005.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos
da filosofia: história e grandes temas. Ed. 16. São Paulo: Saraiva,
2006.
DESCARTES, René. O discurso do método. Trad. Bento Prado
Junior. Ed. 4. São Paulo: Nova Cultura, 1987 (Coleção os pensadores)
FAVERO, Altair
Alberto; RAUBER, Jaime José; KOHAN, Walter Omar. Um olhar sobre o ensino de
filosofia. Ijui: Editora UNIJUI, 2002.
GALLO, Silvio. Ética
e cidadania: caminhos da filosofia: (elementos para o ensino da
filosofia). Campinas: Papirus, 2006.
GALLO, Silvio; KOHAN,
Walter Omar. Filosofia no ensino médio. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
LIPMAN, Matthew. A
filosofia vai a escola. São Paulo: SAMMUS, 1990.
MELLO, José Joaquim
de Sousa. Educação para o trabalho: uma proposta metodológica para o ensino de
filosofia. São Luís: UEMA, 1995.
MORIN, Edgar. Os
sete saberes necessários è educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2002.
PARISI, Mario. TDF,
Trabalho Dirigido de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1982.
PLATÃO. A República: livro VII. Trad. Elza
Moreira Marcelina. Ed. 2. Brasília: editora UnB, 1996.
RIBAS, Maria Alice
(et.al). Filosofia e ensino: a filosofia nas escolas. Ijui: UNIJUI, 2005
SABOIA, Beatriz. A
função política da filosofia no ensino médio. São Paulo: s/ed. 1989.
(Dissertação – mestrado – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
SARTRE, Jean Paul. O
existencialismo é um humanismo. Trad. Rita Correia Guedes. Ed. 3. São Paulo: Nova Cultura, 1987.
SEVERINO, Antônio
Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1993.
SILVEIRA, René J. T.;
GOTO, Roberto (orgs.) Filosofia no ensino médio: temas, problemas
e propostas. São Paulo: Loyola, 2007.
KOHAN, Walter Omar. Filosofia:
caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.
ANEXO
II
LEVANTAMENTO DE CINEMATOGRÁFICO[5]
MITO
DA CAVERNA
Matrix
Sinopse: O filme trata sobre uma ilusão
possível da realidade que conhecemos. Neo é um hacker que tem a oportunidade de
descobrir a verdade, pois acreditam que ele é o escolhido e o predestinado a
salvar o mundo da ilusão que a Matrix esconde de nós
Cena
importante: A
cena que se destaca é a que Morpheus entrega a Neo duas pílulas das quais ele
deverá tomar apenas uma: a pílula da ilusão ou a da realidade. Esta cena
apresenta a idéia do Mito da Caverna, que Platão escreveu há mais de 2400 anos.
Algumas pessoas que viviam numa caverna, uma delas descobre um mundo fora da
caverna e deve escolher entre a ilusão de que o único mundo existente é a
verdade ou tornar-se consciente de que há outra realidade alem da que ele
conhecia.
O DISCURSO DO MÉTODO
Amnésia
Sinopse: O filme trata sobre a razão humana.
Leonard tem problema de memória, devido a uma pancada na cabeça que ocorreu
durante o assassinato de sua esposa. Sua memória dura poucos segundos, então,
ele tatua no corpo as informações que o levará ao assassino.
Cena
importante: Como
a sequência das cenas são em vai-e-volta, a cena que se destaca é a do desfecho
do mistério em torno do assassinato da esposa de Leonard. Este filme aborda a
discussão sobre a razão, que Descartes apresentou. Assim como Descartes propôs
um método para alcançar o conhecimento, a verdade, a personagem do filme acha
um método para lembrar o que ele esquece, concluindo que o erro é um possível
mal uso da razão.
O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO
Amarelo
manga
Sinopse: Este filme brasileiro apresenta
questões existencialistas, que sempre envolvem as pessoas ao redor. Varias
personagens buscam através de armadilhas e vinganças atingir sua própria
felicidade. O titulo é a cor predominante nas cenas, representado um amarelo
hepático e pulsante.
Cena
importante: Como
o filme tem muitas personagens não há uma cena só que se destaque, mas sim as
sequencias das cenas, apresentando ações e atitudes que são tomadas devido a
outras ações. Como a sequencia que ocorre quando a esposa de uma das
personagens descobre por uma carta de outra personagem que seu marido a trai.
Ela toma atitudes que envolvem a que mandou a carta, o marido, a amante e um
desconhecido. Este filme mostra exatamente que (em Sartre, por exemplo) quando
vivemos/existimos afetamos os outros à nossa volta, seja positivamente ou
negativamente: do qual basta existir para ser.
“O PRINCIPE” DE
MAQUIAVEL
Sinopse: "Fahrenheit
11 de setembro" mostra uma nação mantida em medo constante por alertas do
FBI e passiva diante de uma nova legislação, o "Patriot Act" (ato
patriótico), que infringe direitos civis básicos. É nesta atmosfera de
confusão, suspeita e terror que a administração Bush fez sua abrupta guerra
rumo ao Iraque - e "Fahrenheit 11 de setembro" nos leva dentro desta
guerra, para contar histórias exclusivas, ilustrando o cruel custo de vidas de
soldados norte-americanos e de suas famílias.[6]
ANEXO
III
QUESTIONÁRIO
APLICADO JUNTO À TURMA DO PRIMEIRO ANO DO COLÉGIO NERVAL LEBRE
1. O
QUE É A AULA DE FILOSOFIA PARA VOCÊ?
A) Leitura de textos filosóficos
B) Questionar os
problemas do dia-a-dia
C) Conhecer sobre nossa existência
D) Uma aula normal
Total de alunos: 21
RESPOSTAS
A: 6
B:
10 (p/ a maioria, aula de filosofia é questionar os problemas do dia-a-dia)
C: 7
D: 3
2. O CONTEÚDO DA AULA DE
FILOSOFIA É
A)
Excelente
B)
Bom
C)
Deixa a desejar
Total de alunos: 21
RESPOSTAS
A: 7
B:
12 (p/ a maioria dos alunos, o conteúdo de filosofia é bom)
C: 2
3. VOCÊ
COMPREENDE A AULA DE FILOSOFIA?
A)
Sim
B)
Não
Total de alunos: 21
REPOSTAS
A: 18
(p/ a maioria a aula de Filosofia é compreensível)
B: 1
(obs.
1 aluno não respondeu, e outro respondeu Sim e Não)
4. O
PROFESSOR DE FILOSOFIA UTILIZA TEXTOS FILOSÓFICOS EM SALA DE AULA?
A)
Sim
B)
Não
Total de alunos: 21
RESPOSTAS
A: 21
B: 0
5. NA
AULA DE FILOSOFIA VOCÊ PERCEBE ALGUMA RELAÇÃO COM A SUA REALIDADE?
A)
Sim
B)
Não
Total de alunos: 21
RESPOSTAS
A: 13 (p/ a maioria dos alunos há alguma ligação da
aula de filosofia com suas realidades)
B: 8
6. O
QUE CHAMA A SUA ATENÇÃO NA AULA DE FILOSOFIA?
A)
A forma como é transmitida
B)
Os questionamentos feitos pelo professor
C)
Os recursos utilizados pelo professor
(vídeo,música, figura, etc.)
D)
Nada me chama a atenção
Total de alunos: 21
RESPOSTAS
A: 4
B: 3
C: 13 (p/ a maioria dos alunos o que mais chama a
atenção na aula de filosofia são os recursos utilizados)
D: 1
7. DE
QUE FORMA O PROFESSOR DE FILOSOFIA ESTIMULA E DESENVOLVE DISCUSSÕES, OU DEBATES
EM SALA DE AULA?
-
Com textos
filosóficos, conversas e leitura (4 alunos).
-
De forma boa e ampla por meio de uma boa
explicação (5 alunos).
-
Através do uso de
tecnologias (4 alunos).
-
Por meio de
questionamentos (4 alunos).
-
De forma nenhuma (1
aluno).
-
(Obs. 3 alunos não
responderam)
8. COMO
VOCÊ GOSTARIA QUE FOSSE A AULA DE FILOSOFIA?
-
Mais explicativa
-
Como está (6 alunos)
-
Com mais recursos tecnológicos (5 alunos)
-
Pra ser na sala de computação pesquisando (2
alunos)
-
mais debate com o professor
-
Mais dinâmica (4 alunos)
-
Que fosse mais para reflexão dos alunos
-
Que fale mais do cotidiano e menos dos
filósofos
-
Com mais respeito ao professor e com temas
mais abrangentes
-
Sem
prova
ANEXO
IV
SUGESTÃO DE PLANO DE AULA A PARTIR DO
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO
NERVAL LEBRE
Colégio:
Nerval Lebre
Turma: 1º ano (ensino
médio)
Prof. Fábio Coimbra
Tema da aula:
conhecendo a realidade
Objetivo:
fazer com que os alunos descubram – a partir de uma reflexão filosófica – os
elementos de sua realidade para, a partir daí, saber diferenciá-la das outras,
bem como entender porque as outras são diferentes dela.
Metodologia: aula expositiva
seguida do filme “Matrix”, com ênfase na cena em que Morpheus entrega a Neo
duas pílulas das quais ele deverá tomar apenas uma: a pílula da ilusão ou a da
realidade. Nesta cena destaca-se a idéia de Platão presente no mito da caverna.
Algumas pessoas que vivem fora da caverna descobrem um mundo fora dela e devem
escolher entre a ilusão de que o único mundo existente é o da caverna, ou
tornar-se consciente de que há outra realidade.
Recursos:
TV, quadro, pincel.
ANEXO
V
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
A PARTIR DE UM QUESTIONÁRIO APLICADO JUNTO A UMA TURMA DE PRIMEIRO ANO
Disciplinas
complexas e que aparentemente não comportam nenhuma espécie de relevância para
o progresso da ciência, sofrem, em princípio, um descrédito, fruto de um
preconceito oriundo nada mais nada menos que de uma ignorância irremediável
daqueles que, tomando para julgamento das coisas visíveis o critério da
aparência, costumam exaltar um molde de ciência, sociedade, ou humanidade em
detrimento de outros que, obviamente são menosprezados.
Devido
a preconceitos que algumas disciplinas costumam enfrentar é que se pode
perceber, nos estabelecimentos de ensino básico, algumas dificuldades no que
diz respeito à ministração de disciplinas que assim forem concebidas. Um desses
eventos – e que aqui se pode tomar como exemplo – é o caso da disciplina
Filosofia que assim como pode ser considerada “a mãe de todas as ciências”,
pode, não obstante, também ser considerada o principal alvo de preconceitos
vindos de múltiplas direções. Cumpre ressaltar que esse preconceito para com o
ensino da filosofia, por parte daqueles que asseveram que a filosofia não serve
para nada, não constitui uma realidade apenas observável no ensino básico, mas
pode ser percebido também no nível de ensino superior, no cotidiano da vida
acadêmica.
Nesse
sentido, também torna-se fundamental para fins de minimizar esse impasse na
educação, alem de outras medidas a serem tomadas, buscar conhecer o que realmente
desperta os interesses dos alunos, bem como as coisas que mais chamam sua
atenção estimulando, desse modo, sua curiosidade e sua vontade de aprender. O
conhecimento daquilo que em princípio constitui os interesses dos alunos
estabelece sem dúvida um ponto de partida vital para a mudança daquela
realidade pela qual a filosofia, por exemplo, é concebida como algo
insignificante, ou irrelevante para a sociedade, a ciência, etc. Dada a mudança
dessa falsa realidade, o trabalho por vir seria a construção de pilares que
tornassem possível erigir uma realidade, especificamente educacional, na qual a
filosofia fosse respeitada como tal, passando a ser vista, portanto, como
relevante, desejável, indispensável e necessária para a construção de uma
sociedade diferenciada e, por conseguinte, de um mundo mais valorado e rico
humanamente.
A
diagnosticação do ensino da filosofia no nível básico – além de ser uma fonte
de luz que permite ver na escuridão as deficiências e os fatores que
comprometem e contribuem para deturpar o sentido e o significado do próprio
ensino da filosofia, bem como a busca pela excelência no que a isso diz
respeito, e o gosto por ela – constitui, de algum modo, um panorama que permite
visualizar com precisão as principais dificuldades que surgem como obstáculo à
prática do ensino da filosofia na educação básica. Nessa perspectiva, a
grandeza do questionário, pode-se dizer, reside em vários aspectos, como, por
exemplo, na elaboração de melhores planos de aulas. Para fins de reflexão e
compreensão da relevância do questionário, cabe levantar aqui a seguinte
interrogação: o que caracterizaria esses planos de aulas, a partir do
diagnostico, como melhores? Em princípio, poder-se-ia dizer que o simples fato
de levar em conta as opiniões dos alunos quanto àquilo que seria uma aula de
filosofia constitui, por sua própria grandeza, o distintivo fundamental pelo
qual os planos de aulas a partir de então pudessem ser vistos como diferentes,
preferíveis, plausíveis, dentre outros aspectos dignos de destaque em relação
aos planos de aulas que não atentaram por perseguir esses objetivos, e que aqui
não serão elencados.
Considerando
as respostas obtidas nas questões aplicadas, pode-se dizer que são boas as
expectativas para um melhoramento do ensino da filosofia no contexto do ensino
médio. Com base no que fora respondido, pode ser dito que a aula de filosofia,
atualmente, não está tão longe daqueles fins para os quais ela converge, não
somente no ensino médio, mas também no superior, entretanto percebe-se, evidentemente,
que faltam alguns ajustes necessários para o êxito a que se pretende nessa
aventura. Ao se considerar as respostas da primeira questão – que perguntava “o
que é a aula de filosofia para você?” – é possível concluir pela corroboração
do que acima fora dito ao se perceber, por exemplo, que para a maioria dos
alunos do primeiro ano a aula de filosofia é questionar os problemas do
dia-a-dia. Daí se infere certa contextualização dos temas trabalhados em
relação ao contexto no qual se tece a vida cotidiana de cada um considerando
elementos, ou fatores diversos.
Na
segunda questão – que perguntava se “o conteúdo da aula de filosofia é bom,
ruim, ou deixa a desejar?” – a resposta parece um tanto agradável quando,
segundo a maioria dos alunos, o conteúdo é referido como bom. Entretanto,
esclarecimentos precisam ser feitos quanto a essa questão, para saber em que
sentido o conteúdo pode ser considerado como realmente bom. Assim como a
segunda, a resposta da terceira questão – que perguntava “você compreende a
aula de filosofia?” – também carece de esclarecimento. Segundo a maioria dos
alunos, a aula de filosofia é sim compreensível. Na quarta questão – que
perguntava se “o professor de filosofia utiliza textos filosóficos em sala de
aula?” – a resposta é consensual entre os alunos, segundo os quais, o professor
utiliza sim textos filosóficos nas aulas.
A
quinta questão, à sua vez, chama a atenção por diversos motivos. Um deles é a
ponte que ela estabelece com a primeira questão. Reiterando, se naquela questão
percebe-se, de acordo com a maioria dos alunos, que a aula de filosofia
questiona os problemas do dia-a-dia, nesta, por sua vez, segundo a mesma
maioria, com acréscimo de três pontos percentuais em relação àquela, há sim
alguma ligação da aula de filosofia com suas realidades. A sexta questão – em
virtude da resposta da maioria dos alunos – passou a ser mais de caráter
metodológico. Ao perguntar “O que chama sua atenção na aula de filosofia?” a
questão traz a lume a preocupação em relação aos meios de transmissão dos
conteúdos a serem trabalhados. De acordo com a maioria dos alunos o que mais
chama a atenção na aula são os recursos utilizados pelo professor. Dentre esses
pode se destacar o uso de vídeos. Com base nas justificativas dos alunos para
essas respostas, há uma carência do uso de outros meios, como, por exemplo,
músicas e figuras. As duas últimas questões, isto é, a sétima e a oitava, já
eram mais de caráter subjetivo, dado que as respostas eram dissertativas. A
sétima – que perguntava “de que forma o professor de filosofia estimula e
desenvolve discussões, ou debates em sala de aula?” – apresentou resposta que
de alguma forma reforçam algumas das questões já suscitadas trazendo assim a
possibilidade de um trabalho que objetive aperfeiçoar métodos já usados como,
por exemplo, o uso de tecnologias. Um aspecto importante a ser assinalado é
que, de acordo com a maioria dos alunos, esse estímulo do professor para as
discussões e debates se dá por meio de uma boa explicação. Isso se torna
relevante se considerarmos que uma das principais dificuldades em tornar
atrativas as aulas de filosofia pode está no simples fato de que o entendimento
dos textos por parte do professor pode não se dá de forma tão clara. Uma das
razões para isso decorre do fato de que, muitas vezes, o professor de filosofia
não é uma pessoa com formação exclusiva no ramo, mas apenas alguém que supre,
ou preenche a ausência desse profissional. Desse modo, uma aula de filosofia
que realmente chame a atenção do aluno por meio de uma boa explicação – levando
em consideração o conjunto das dificuldades em se entender e explicar o texto
filosófico, ou o pensamento de um autor – seria de competência exclusiva do
profissional com formação especifica em filosofia. Assim como a sétima, a
oitava e última questão, à sua vez, ao questionar “como você gostaria que fosse
a aula de filosofia?” trousse respostas que também corroboram algumas idéias já
manifestas, reforçando a necessidade de melhoramento daquilo a que já se segue,
sem, no entanto, excluir a necessidade de inovação. Diante da diversidade das
respostas devido ao caráter dissertativo da questão, o que se pôde perceber,
quando organizadas, é que a maioria da turma teria respondido que seria bom que
a aula continuasse como está. Outra parcela considerável de alunos teria dito
que gostariam que a aula de filosofia fosse com mais recursos tecnológicos.
Nota-se aqui que o uso de tecnologias parece ser uma das coisas que mais chama
a atenção dos alunos. Quanto a isso, é importante notar que na questão anterior,
vários alunos disseram que o uso da tecnologia é um dos meios pelos quais o
professor estimula debates e discussões. Já nesta oitava, uma parcela maior do
que aquela teria dito que a aula de filosofia deveria ser com mais recursos
tecnológicos.
Diante
de tudo isso, é interessante notar como algumas questões estão diretamente
ligadas a outras. Obviamente, o engenho do questionário reside no fato dele
funcionar como um mapa no qual se podem perceber as diversas e mais calamitosas
situações que permeiam a realidade da escola da educação básica da sociedade
brasileira. Entretanto, importa relevar que apesar de muito engenhoso, o
questionário ainda pode ser melhorado para fins de obtenção de resultados cada
vez mais eficiente. Não obstante, cumpre salientar, ele representa um ponto de
partida, um pontapé inicial dado rumo às transformações, então, desejadas. O
próximo passo, a partir daqui, seria, então, o planejamento para o início da
intervenção nas realidades escolares no que diz respeito ao ensino da
filosofia, cumprindo assim, um dos desígnios do PIBID.
Para
não se correr o risco de agir em vão e assim iludir-se pensando está fazendo
grandes coisas, seria interessante começar pelo conhecimento dos princípios do
que já está estabelecido nas escolas, que seria, então, o conteúdo
programático. Alem disso, seria relevante tomar ciência daquilo que, em suma,
constitui o objetivo primordial do ensino da filosofia no ensino médio.
Igualmente seria relevante ter claro o objetivo da educação básica. Daí seria importante
primeiro tomar conhecimento, se não total, pelo menos parcial, da LDB. Se
difícil for o conhecimento da proposta dessa lei para educação básica, então, o
conhecimento daquilo que ela determina como objetivo do ensino da filosofia no
ensino médio seria a condição e o requisito mínimino para aqueles que clamam
por mudanças. Não é difícil supor que a carência de conhecimento desses dois
elementos tal como já foram citados (conteúdo programático e LDB),
representaria o vazio de uma marcha que conduz para o nada. Afinal, toda
proposta que se pretende chegar a um determinado ponto, deve ter evidentemente
um ponto do qual possa se dar a partida. Obviamente, “tudo que tem um começo
deve ter um fim”. Cremos que a eficiência como ápice e fim da educação deva ter
por começo as considerações sobre as bases reais já solidamente construídas.
Não obstante, é necessário suprimir e inovar, tanto quanto for preciso, na
medida em que isso se mostrar imprescindível, desejável e plausível para a
construção de uma educação melhor; que mude de mentalidade; que introduza o
pensamento crítico; que construa homens melhores; que traga a lume uma nova
sociedade; um novo mundo; que erija valores; que construa pontes que liguem os
diversos mundos, os diversos povos, as diversas culturas.
É
preciso perceber que por a trás de toda a aparência subjaz a verdadeira
realidade, e que nos submundos das mutações reside a essência, aquilo que
consideramos necessário em um ser para que ele seja aquilo que é. Também faz
jus perceber que por trás de toda a realidade; que por trás do preto e do
branco, que por traz do alto e do baixo, que por traz do forte e do fraco está
aqueles pano de fundo que destaca a figura de cada homem; critério único;
medida única, mediante a qual a grandeza de cada ser deve ser medida. Esse engenhoso pano de fundo chama-se:
educação, obra magnífica resultante da soma de fatores diversos.
[1]
Mas antes disso, as reuniões
vinham acontecendo normalmente toda semana, às quartas-feiras.
[2] Esse texto – que sugue em anexo – (considerações
sobre o ensino da filosofia), após ser entregue ao professor Almir, foi
publicado na internet no meu blogger, onde está disponível em: http://filosofiaquantica.blogspot.com
[3]
O supervisor das atividades do
Nerval, professor Hermilton, é formado em Filosofia. Entretanto, há lugares em
que aquele que ensina Filosofia não é formado na área.
[4] Seguem acostados a este relatório todos os
trabalhos que foram feitos na universidade e na escola.
[5] Os itens: sinopse e indicação de cena dos
filmes Matrix, Amnésia e Amarelo manga foram extraídos do livro
DISCUTINDO TEXTOS FILOSÓFICOS, por meio do qual o SESC-PR, em união com a
Universidade Federal do Paraná, objetivava apresentar e discutir os textos
filosóficos referentes ao vestibular da UFPR ocorrido no final 2006.
[6] Sinopse disponível em: http://www.cinepop.com.br/filmes/fahrenheit.htm
aceso em: 09 de junho de 2010
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