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Resumo
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Pretendo neste
escrito político-filosófico elucidar as causas da barbárie nas ações políticas
que trazem à luz a dita politicagem e tudo o que lhe é inerente em detrimento
do politicamente correto, em sentido amplo. Para tal, valer-me-ei das reflexões
e teorias políticas e filosóficas daqueles que a história registrou como ícones
e pilastras do pensamento político e do Estado, especialmente o Estado moderno,
que nasceu das cinzas do antigo Estado feudal. Desse modo, lançarei mão do
pensamento político daquele que foi – diga-se de passagem – o primeiro e maior
observador das ações e comportamentos humanos no campo político, a saber, o
pensador italiano Nicolau Maquiavel. Assim, ao falar dos crimes, no sentido
amplo do termo, buscarei na obra O Príncipe, de Maquiavel, a base para a
construção de argumentos consistentes que dêem conta da justificativa ou da
explicação para o porquê de tanta barbárie, maldade e crueldade que permeia a
esfera política. Sendo assim, levantarei a hipótese de que entre a política e a
politicagem situa-se a esfera do poder. E nessa perspectiva, enfatizando
Maquiavel, vou advogar e sustentar a tese de que é da disputa pelo poder –
enquanto instrumento de dominação e conservação – que advém os crimes, o
assassinato, o roubo, a fraude, a rapinagem e tudo o que não presta e que
geralmente está agregado ao campo político, mas, que não faz da política
enquanto arte de governar bem uma cidade, um Estado, uma nação etc. Ao final,
vou convidar os leitores – se, de fato, quiserem entender o porquê dos crimes
nas ações políticas – a pensarem sobre a seguinte questão: qual é a essência do
poder? E ainda: o que o poder tem de interessante de modo que por causa dele os
homens se matam, vidas são tiradas e sangue inocente é derramado? Pensemos e
reflitamos juntos sobre isso. Pois, isso nos ajudará a entender melhor a
política e assim evitar os erros do passado.
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Recentemente apresentei – no
Centro de Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – a minha
monografia de conclusão de curso versando sobre a origem do Estado a partir da
noção de igualdade humana no estado de natureza. Busquei mostrar como surge
essa instituição – o Estado – na qual nós estamos o tempo todo submissos a uma
série de regras que limita nossa liberdade de ação. O que quero, aqui,
é chamar a atenção para a expressão “estado
de natureza”. Trata-se de uma hipótese que foi formulado pelos
pensadores contratualistas como, por exemplo, o suiço Jean-Jaques Rousseau e os
ingleses John Locke e Thomas Hobbes. Com essa hipótese do estado de natureza, eles pretenderam mostrar como o estado de
sociedade nasce a partir de um contrato celebrado entre seus membros. O
estado de natureza – enquanto hipótese – designa uma condição de vida e
existência na qual não há juiz, nem autoridade política, nem advogado, nem tribunal
e nem polícia. Seria um estado no qual todos pudessem fazer o que
quisessem na hora que melhor lhe aprouvesse. Em resumo, seria o estado de
anarquia e de desordem, o reino do caos. Thomas Hobbes vai dizer que é um
estado de guerra de todos contra todos. Essa teoria político-filosófica
é interessante dado que nos ajuda a entender porque obedecemos às regras que
nos são impostas. E, desse modo, é também interessante haja vista nos
introduzir na compreensão dos princípios da política.
A despeito da política
enquanto arte de governar, na antiguidade – desde os gregos – já havia a
intenção de se fazer ou construir um bom governante. Foi lá (na Grécia antiga)
que surgiu aquela forma de governo que ainda hoje perdura, e que nós conhecemos
como o nome de Democracia. Nesse período, Sócrates, Platão e Aristóteles se
destacaram como os maiores pensadores da polis
(cidade, em grego). Sócrates, que já havia percebido a esperteza dos
governantes, foi condenado à morte uma vez que fez a denúncia das mazelas
sociais, denúncia essa que se deu na forma de educar os jovens de Atenas. Por
isso ele foi acusado do crime de corromper a juventude, quando na verdade ele
só queria instruí-los. Mas isso não foi bem visto pelos olhos das autoridades
políticas. Assim como Sócrates, Jesus Cristo também foi morto por decisão
política na medida em que igualmente fez a denúncia das injustiças que marcavam
as instituições e a sociedade de sua época.
Nesse sentido, a morte de cristo é mais um fator político que um fator
religioso. Os interessados na morte de cristo eram nem tanto aqueles que não
acreditavam que ele fosse filho de Deus, mas, sobretudo aqueles tolos de vista
tapada frente as falcatruas do poder. E a sentença de Cristo, assim como a de
Sócrates, Martin Luther
King, Mahatma Gandhi, Abraham Lincoln, irmã Dorothy Stang e a de Décio Sá (jornalista maranhense que foi
assassinado recentemente) e tantos outros nada mais é do que o resultado, ou
estopim de uma situação que se constitui como ameaça para aqueles que estavam
no poder: ameaça de perder o poder.
Na Idade
Média a Igreja pretendia ser superior ao Estado em assuntos humanos e
políticos. Para se ter uma idéia, em algum momento da Idade Media, o papa tinha
um conselho consultivo ao qual, muitas vezes, o rei tinha que consultar antes
de tomar algumas decisões.
No final da
Idade Média e início da Idade Moderna, a disputa pelo poder – diga-se de
passagem – fragmentou a Itália em vários Estados independentes e desarmônicos
entre si, como, por exemplo, o Reino de Nápoles, o Ducado de Milão, a República
de Veneza, a República de Florença e os Estados Pontifícios. É nesse contexto
que aparece Nicolau Maquiavel, cidadão florentino e maior pensador político do
início do período moderno. Alem de escritor, historiador e filósofo por
afinidade, Maquiavel foi um grande nome da política italiana desse contexto.
Como secretário da República de Florença, ele fez varias viagens pelas regiões
da Itália e arredores. O que mais chamou a atenção de Maquiavel pelos lugares
onde passou foi a maneira como os homens se comportavam e agiam em matéria de
política. Maquiavel viu que por causa do poder o assassinato era uma pratica
quase que corriqueira na vida política. Percebeu que os homens se matavam e
faziam de tudo para permanecer no poder. Por isso ele foi um grande observador
do comportamento e da natureza humana em sentido político. Como a Itália estava
dividida em estado que brigavam entre si, Maquiavel – a partir daquilo que
observou da política – escreveu um livro intitulado O Príncipe (que aqui recomendo aos leitores). Esse livro ele
dedicou a Lourenço de Médici no intuito de dizer o que ele deveria fazer para
unificar a Itália libertando-a das mãos dos bárbaros. Esse livro, que é
composto de 26 capítulos, divide-se em duas partes principais. Na primeira ele
trata da força e, na segunda, trata da aparência.
Tradicionalmente pensava-se
que para governar era preciso ter força. Daí a idéia de que o governante tinha
que ter um poderoso exército. Entretanto, quero chamar a atenção aqui para o
fato de que na vida política há algo mais importante que a força. Nesse
contexto, Maquiavel insinua que o governante político deve ser também
inteligente. Pois há dois tipos de combate: um pela força e outro pela
inteligência. Este segundo é próprio dos homens, o primeiro é próprio dos
animais. No capítulo XVIII do livro, Maquiavel compara o governante a
um centauro para dizer que ele deve usar tanto da humanidade quanto da
animalidade.
Quando Maquiavel alude que o
governante deve aprender a não ser bom, isso não deve ser entendido como se ele
tivesse querendo dizer que o governante político devesse ser sempre mal. O que
ele quer dizer é que o governante deve se valer ou não da maldade
conforme a necessidade. Nesse sentido é que ele argumenta que quem
quiser ser sempre bom em tudo o que vier a fazer, vai acabar se arruinando em
meio a tantos que não são bons. Logo, o governante deve aprender a ser
mal e a ferir quando assim for preciso para a garantia da estabilidade
política. É por essa razão que a força se configura como um elemento
necessário da vida política.
Do pensamento de Maquiavel
ainda foi extraída a máxima “os fins justificam os meios”.
Entretanto, essa máxima foi desvirtuada e passou a ser usada pelos políticos
desde o tempo de Maquiavel até nossos dias atuais como forma de justificativa
teórica para a bandidagem dos políticos que praticam a politicagem. Quando se
diz que os fins justificam os meios deve se entender por meios justificados
corretamente apenas aqueles que concorrem para o bom andamento da sociedade e
para o benéfico de todos(já que vivemos num regime democrático), e não
para o benefício particular de alguns, um grupo, ou uma família (como, por
exemplo, a família Sarney no Maranhão). A
interpretação errada da máxima os
fins justificam os meios é a seguinte: se o objetivo do governante político é
se manter no poder, então, qualquer meio que ele vier a usar para o alcance
desse fim estará justificado. É
por causa do poder que os homens se matam. Portanto, se ele – o poder –
é condição da política, também o é da politicagem.
Como um leigo e curioso, deparo-me com algo que realmente esclarece e aperfeiçoa o nosso jeito de interpretação de coisas que aparentemente pensamos entender. Achei muito interessante e de fácil compreensão o exposto na matéria. É graças aos que realmente sabem, através de estudos exaustivos e pesquisas, que ficamos mais atentos a detalhes que ficariam de fora, não fosse a perspicácia do autor ao lançar luzes sobre coisas que ao leigo passam despercebidas. Só tenho a agradecer por ficar um pouco mais bem informado. Obrigado.
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