“A
grande questão do conclave do Papa é a crise que a igreja atravessa, e essa não
é apenas sobre as questões contemporâneas como aborto, homossexualismo e
pedofilia dentro da instituição. Essas questões são fáceis de entender mais não
explicam o principal. A renuncia de Bento XVI marcou uma nova era: a perda da
infalibilidade, a humanização do papado, trincou-se a imagem da igreja como
algo acima da vida humana imperfeita da nossa vida comum de pecados e erros. O que
levou Bento XVI a renúncia foi a constatação de que dentro da cúria e em
Dioceses pelo mundo existem os mesmos problemas bancários jurídicos, lutas políticas
nem sempre limpas, doenças típicas de governos seculares. Apareceu o vaticano
Estado, país com problemas parecidos com o da Itália, ou do Brasil. Não são
problemas de fé, mas, problemas ateus: O banco do Vaticanos; somas imensas
desviadas; lavagem de dinheiro; violentas batalhas pelo poder. A dúvida e o
desafio são: como combater questões tão sujas e manter a aura de mistérios de
beleza? Como manter a embaixada de Deus na terra? Como defender a fé, o prestígio
místico, enquanto os escândalos aparecem? Ficou claro que a igreja tenta manter
vivo o sonho de uma perfeição eterna no mundo atual, que é um mundo movente e
mutante. O mundo contemporâneo exige transparência e participação da sociedade.
O tempo atual desmistifica os mistérios. Como é que a igreja pode fazer faxinas
e investigações sem conspurcar a sua santidade? Como ser divina e humana ao
mesmo tempo?”
(Arnaldo
Jabor)
(Comentário publicado na
rádio CBN em quarta feira, 13/03/2013)
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/2013/03/13/COMO-IGREJA-PODE-SER-DIVINA-E-HUMANA-AO-MESMO-TEMPO.htm